quinta-feira, 19 de junho de 2008

Indentidades Culturais na Pós-Modernidade.

HOMEM SOCIEDADE


QUESTÕES:
INDENTIDADES CULTURAIS NA PÓS-MODERNIDADE


1) Como Hall vê as identidades na pós-modernidade?

Segundo Stuart Hall, as "velhas identidades”, que por longo tempo estabilizaram o mundo social, está em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo. Segundo Stuart Hall, cada vez mais se emerge identidades culturais que não são fixas que estão em constante processo de transição. Hall conclui que, embora alimentada sob muitos aspectos, a globalização pode acabar sendo fonte daquele lento e desigual, mas continuado, descentramento do Ocidente.
2) Por que ele fala em crise de identidade?

Uma mudança estrutural está fragmentando as diversas identidades culturais – de classe, gênero, sexualidade, etnia, e nacionalidade – as quais se antes, eram sólidas localizações, onde o sujeito moderno se encaixava socialmente, hoje se encontram com fronteiras menos definidas, provocando no sujeito pós-moderno uma crise de identidade.

3) Como Hall define:

3.1. Sujeito do iluminismo.
O sujeito do iluminismo estava baseado num indivíduo totalmente centrado, dotado da razão, cujo centro consistia num núcleo interior, que aparecia quando o sujeito nascia e permanecia basicamente o mesmo ao longo de sua existência.
3.2. Sujeito Sociológico.
O sociológico, refletia a complexidade do mundo moderno e a consciência de que este núcleo interior do indivíduo não era autônomo, e sim formado na relação com outras pessoas: a identidade da pessoa é formada na interação entre o eu e a sociedade.
3.3. Sujeito Pós-moderno
Agora composto não de uma única, mas de várias identidades, muitas vezes contraditórias ou não resolvidas.

4) Qual a paralelo que Hall faz das sociedades tradicionais e da modernidade?

Na última forma de globalização, são ainda as imagens, os artefatos e as identidades da modernidade ocidental, produzidos pelas indústrias culturais das sociedades "ocidentais" (incluindo o Japão) que dominam as redes globais. A proliferação das escolhas de identidade é mais ampla no "centro" do sistema global que nas suas periferias. Os padrões de troca cultural desigual, familiar desde as primeiras fases da globalização, continuam a existir na modernidade tardia. Se quisermos provar as cozinhas exóticas de outras culturas em um único lugar, devemos ir comer em Manhattan, Paris ou Londres e não em Calcutá ou em Nova Deli.


5) O que se entende por jogo de identidade?

Um exemplo concreto desta teoria, que Stuart Hall expõe no livro, é o caso do presidente Bush que, em 1991, indicou um juiz negro de visões políticas conservadoras para a Suprema Corte dos EUA. Assim, o presidente, jogando o jogo das identidades, conquistava o apoio tanto da raça negra quanto dos conservadores.

6) Por que Hall afirma que é simplista mapear a idéia de que o homem moderno tinha tido uma identidade unificada e centrada e agora se tornou deslocada?

Para Hall, “quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global [...] mais as identidades se tornam desvinculadas – desalojadas – de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem flutuar livremente” (1998, p. 75) Homogeneização cultural é, então, o processo pelo qual as distinções culturais que outrora definiam as identidades torna-se fraco devido à globalização, e as tradições e identidades tornam-se traduzíveis globalmente. No entanto, Hall considerava simplista e limitado este posicionamento da homogeneização cultural solapando a identidade nacional, de forma unilateral. Assim, ele coloca a discussão em torno da relação entre global e local.



7) Qual foi a principal ruptura do homem moderno?

Uma ruptura na forma de apreender a linguagem é formulada pelos teóricos do multiculturalisnmo quando afirmam que a cultura nacional é um discurso. Ou seja, na concepção de linguagem não mais enquanto representação, mas sim como construção de sentidos.

8) quais os movimentos que contribuíram para o surgimento do homem moderno?

Alguns movimentos importantes contribuiram para a concepção do sujeito da modernidade: a Reforma e o Protestantismo, que liberaram a consciência das instituições religiosas; o Humanismo Renascentista, que colocou o homem no centro do universo, as revoluções científicas, que conferiram o homem as capacidades de investigação e domínio da natureza e o Iluminismo, centrado na imagem do Homem Racional, científico e livre dos dogmas e da intolerância.

9) Qual a versão de Descartes e Locke em relação ao seu tempo?

“Penso logo existo” Nenhum exemplo de enganos dos sentidos é fornecido na primeira Meditação. No Discurso e na sexta Meditação, porém, Descarte menciona uma série de exemplos bastante conhecidos e sempre invocados na literatura cética: uma torre quadrada parece redonda à distância, estátuas altas parecem pequenas à distância, estrelas distantes parecem muito menores do que são pessoas que tiverem membros amputados ainda sentem dor no lugar em que os membros não mais se encontram. Registre-se que os exemplos dados por Descartes envolvem geralmente o que veio a ser chamado, a partir de Locke qualidades secundárias, e não as qualidades primárias, que também Descartes acreditava existir apenas na mente.

10) No que podemos relacionar a emergência da nação – individualidade no sentido moderno?

Para aproximar a problemática da individualidade das questões culturais, é importante lembrar de reflexões fundamentais de Nestor Canclini. Esse intelectual, ao mostrar a multiplicidade de facetas que compõem as culturas, traz à tona a problemática da influência de uma cultura em outra(s). Dentro da paisagem pós-moderna (para usar a expressão de uma autora também muito importante nos estudos sobre a cultura na atualidade, Beatriz Sarlo), a discussão sobre a identidade passou a ser fundamental, já que no rompimento das fronteiras nacionais provocado pela mundialização, as inúmeras partículas constitutivas dos núcleos identitários mundiais foram remexidos em profundidade. A temática da pós-modernidade, assim, entra no circuito dessas reflexões. Perguntar pela identidade particular e/ou nacional, a partir desse momento, se não perdeu de todo a importância nos estudos contemporâneos, tomou novo direcionamento.

11) Porque surgiu uma concepção mais social do homem e quais foram as conseqüências?

A identidade do sujeito do Iluminismo estava baseada na concepção de pessoa humana, um indivíduo centrado, unificado e dotado de razão, de consciência e de ação. Esse centro emergia pela primeira vez no nascimento do sujeito e consistia num núcleo interior, desenvolvia-se ao longo da sua vida, mas permanecia essencialmente o mesmo durante a existência do individuo. Esse centro do eu era a identidade de uma pessoa, transformando essa concepção numa visão individualista do ser.

12) Qual a contribuição da sociologia para esse processo?

A sociologia forneceu uma crítica do individualismo racional do sujeito cartesiano. Localizou o individuo em processo de grupo e normas coletivas as quais, argumentava, subjaziam a qualquer contrato entre sujeitos individuais.

13) Hall analisa cinco “descentramentos” do homem: Discorra.

Existência das mulheres em diferentes culturas. Por meio das relações estabelecidas historicamente entre os movimentos feministas e por meio das investigações promovidas pelas organizações internacionais, os Estudos de Gênero logo se aproximaram da comparação internacional e intercultural.

A comparação permite, além do descentramento espacial, quatro tipos de descentramento: o descentramento de gênero, o descentramento social, o descentramento cultural e o descentramento temporal.
Quanto gênero, podemos dizer que o trabalho conjunto – de homens e mulheres - para analisar e debater o sistema social de gênero é muito necessário. É neste ponto que reside, a nosso ver, o valor fundamental da transformação dos Estudos da Mulher em Estudos de Gênero: a comparação com o Outro permitiria o desenvolvimento de teorias que dessem conta das relações entre os gêneros assim como de suas representações e condições de existência. Neste sentido, a comparação se torna uma ferramenta fundamental para entender a forma como o gênero social opera em nossas sociedades, e também para construir novas formas de convivência entre os gêneros (dentro e fora do mundo acadêmico), deixando de lado tanto as concepções androcêntricas como as ginecocêntricas, desmontando os processos de formação de guetos instaurados na academia pela institucionalização dos Estudos da Mulher (por efeito da discriminação encoberta e da auto-segregação), e defendendo a adoção de uma reflexão ética e política nas relações de gênero no processo de avanço científico. Voltaremos a este ponto.
Quanto ao descentramento social, é importante ressaltar que o pesquisador ou pesquisadora que realiza Estudos de Gênero deve procurar constantemente despojar-se daqueles pressupostos referentes à sua própria condição social, para evitar projetá-los no objeto/sujeito de estudo, particularmente quando se trata de sujeitos que não pertençam a sua mesma condição sócio-econômica. Um exemplo: as historiadoras e os historiadores da família tendem a projetar os modelos familiares com que foram socializados nas relações familiares, conjugais, de concubinato, etc. dos diferentes setores sociais do passado. Este tipo de descentramento permite perceber a pluralidade implícita em todo objeto de estudo, e sua complexidade interna.
Em relação ao descentramento cultural, a comparação entre culturas permite analisar com maior precisão os fenômenos estudados, e a controlar a auto-referência existencial de nossas categorias e conceitos. Exemplo disto são os diversos estudos antropológicos comparativos que demonstram o seguinte: embora o sexo resulte em critério básico universal de organização social (divisão sexual do trabalho), as tarefas designadas para cada sexo em diferentes culturas não são necessariamente as mesmas. Neste enfoque, portanto, há outra abertura para a percepção não preconceituosa da pluralidade e da complexidade de todo objeto de estudo.
Finalmente, o descentramento temporal se encontra intimamente vinculado à reflexão histórica. A comparação entre diversos períodos históricos permite observar as transformações por que passaram tanto a existência feminina e masculina como a definição social dos gêneros. Desta maneira, é possível recuperar um olhar crítico sobre as condições atuais das mulheres e dos homens, e sobre as definições correntes de feminilidade e de masculinidade. A título de exemplo, podemos dizer que muitos especialistas em Sociologia do Trabalho desconhecem ou ignoram as transformações genéricas das profissões, porque não se interessam por sua análise histórica. Esta a-historicidade leva, em muitos casos, à consideração das profissões como se elas fossem neutras e imutáveis do ponto de vista de gênero.

14) O que podemos entender por:

14.1 Identidade nacional;
Como esta situação tem se mostrado na Grã-Bretanha, em termos de identidade? O primeiro efeito tem sido o de contestar os contornos estabelecidos da identidade nacional e o de expor seu fechamento às pressões da diferença, da "alteridade" e da diversidade cultural. Isto está acontecendo, em diferentes graus, em todas as culturas nacionais ocidentais e, como conseqüência, fez com que toda a questão da identidade nacional e da "centralidade" cultural do Ocidente fosse abertamente discutida.
Num mundo de fronteiras dissolvidas e de continuidades rompidas, as velhas certezas e hierarquias da identidade britânica têm sido postas em questão. Num país que é agora um repositório de culturas africanas e asiáticas, o sentimento do que significa ser britânico nunca mais pode ter a mesma velha confiança e certeza. O que significa ser europeu, num continente colorido não apenas pelas culturas de suas antigas colônias, mas também pelas culturas americanas e agora pelas japonesas? A categoria da identidade não é ela própria, problemática? É possível, de algum modo, em tempos globais, ter-se um sentimento de identidade coerente e integral? A continuidade e a historicidade da identidade são questionadas pela imediatez e pela intensidade das confrontações globais. Os confrontos da Tradição são fundamentalmente desafiados pelo imperativo de se forjar uma nova auto-interpretação, baseada nas responsabilidades da Tradução cultural.
14.2 Identificação Nacional;
Como conclusão provisória, parece então que a globalização tem, sim, o efeito de contestar e deslocar as identidades centradas e "fechadas" de uma cultura nacional. Ela tem um efeito pluralizante sobre as identidades, produzindo uma variedade de possibilidades e novas posições de identificação, e tornando as identidades mais posicionais, mais políticas, mais plurais e diversas; menos fixas unificada ou trans-históricas. Entretanto, seu efeito geral permanece contraditório.
14.3 Cultura Nacional;
Alguns teóricos argumentam que o efeito geral desses processos globais tem sido o de enfraquecer ou solapar formas nacionais de identidade cultural. Eles argumentam que existem evidências de um afrouxamento de fortes identificações com a cultura nacional, e um reforçamento de outros laços e lealdades culturais, "acima” e "abaixo" do nível do estado-nação. As identidades nacionais permanecem fortes, especialmente com respeito a coisas como direitos legais e de cidadania, mas as identidades locais, regionais e comunitárias têm se tornado mais importante. Colocadas acima do nível da cultura nacional, as identificações "globais" começam a deslocar e, algumas vezes, a apagar, as identidades nacionais.
14.4 Estado Nação.
O crescimento dos estados-nação, das economias nacionais e das culturas nacionais continuam a dar um foco para a primeira; a expansão do mercado mundial e da modernidade como um sistema global davam o foco para a segunda. No capítulo 5, que examina como a globalização, em suas formas mais recentes, tem um efeito sobre as identidades, pensaremos esse efeito em termos de novos modos de articulação dos aspectos particulares e universais da identidade ou de novas formas de negociação da tensão entre os dois.

15) Porque segundo Anderson, as diferenças entre nações residem nas formas diferentes pelas quais elas são imaginadas?

O próprio entendimento de “nação” diria respeito ao que Benedict Anderson (1983) chama de comunidades imaginadas”, ou seja, as diferenças entre nações residem nas formas diferentes pelas quais elas são imaginadas e representadas.

16) Como é contada a narrativa da cultura brasileira?

Para falar sobre como é contada a narrativa da cultura nacional, Hall (2002) destaca cinco estratégias discursivas principais: em primeiro lugar, há Narrativa da nação, tal como é contada e recontada nas histórias e nas literaturas nacionais, na mídia e na cultura popular. Essas fornecem uma série de estórias, imagens, panoramas, cenários, eventos históricos, símbolos e rituais nacionais que simbolizam ou representam experiências partilhadas, as perdas, os triunfos e os desastres que dão sentido à nação. Como membros de tal “comunidade imaginada”, nos vemos, no olho de nossa mente, como compartilhando dessa narrativa.
O discurso da cultura nacional não é tão moderno quanto aparenta ser. Ele constrói identidades que são colocadas, de modo ambíguo, entre passado e futuro.
CULTURA BRASILEIRA: Fonte de significados culturais;
Foco de identificação;
Sistema de representação.

17) Ernest Renan afirma serem constitutivos três princípios espirituais da unidade de uma nação. Quais?

Uma nação é: “uma alma, um princípio espiritual”, “possessão em comum dum rico legado de lembranças”, “desejo de continuar a viver juntos”. Mas se a nação pertence ao campo imaterial da mentalidade, faz-se necessário que ela se exteriorize em símbolos para que ganhe mais concretude, para que desça da abstração para a realidade mais sensível.

18) Discorra “as nações modernas são estados híbridos culturais”?(67)

Avançando no debate, na terceira parte "As culturas nacionais como comunidades imaginadas" o autor questiona: o que está acontecendo à identidade cultural na modernidade tardia? Como as identidades culturais nacionais estão sendo afetadas ou deslocadas pelo processo de globalização? O autor destaca que as nações são como comunidades imaginadas, que são perpetuadas pela memória do passado, pelo desejo de viver em conjunto e pela perpetuação da herança. Na desconstrução da idéia de cultura nacional como identidade unificadora, o autor refere que as culturas nacionais, na verdade, "são atravessadas por profundas divisões e diferenças internas, sendo unificadas apenas através do exercício de diferentes formas de poder cultural" (p.62). Neste sentido, para o autor, as nações modernas são verdadeiros "estados híbridos culturais".
19) Porque Hall coloca que “ A raça é uma categoria discursiva e não uma categoria biológica”(68)

Cabe ressaltar que é sabidamente difícil definir quem é considerado negro. Em universidades, formam-se comissões que estabelecem, através da análise de fotografias de candidatos, aqueles que são negros e podem usufruir do sistema de cotas. Entendemos "raça" não como uma categoria biológica ou genética. Segundo Hall (2002) existem diferentes tipos e variedades, mas eles estão tão largamente dispersos no interior do que chamamos de "raças", como entre uma "raça" e outra. As raças são categorias discursivas. São organizadoras de formas de falar e de práticas sociais. No entanto, a forma de reconhecer o negro nos jornais impressos deu-se através de caracteres físicos. Em virtude da impossibilidade de atingir as mais diversas práticas sociais e discursivas dos sujeitos representados nos periódicos, optamos por tomar o corpo como mídia.

20) Qual a conclusão que Hall chega quando afirma que é um paradigma fundamental que deslocou as identidades?

O que, então, está tão poderosamente deslocando as identidades culturais nacionais, agora, no fim do século XX? A resposta é: um complexo de processos e forças de mudança, que, por conveniência, pode ser sintetizado sob o termo "globalização". Como argumenta Anthony McGrew (1992), a "globalização" se refere àqueles processos, atuantes numa escala global, que atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em realidade e em experiência, mais interconectado. A globalização implica um movimento de distanciamento da idéia sociológica clássica da "sociedade" como um sistema bem delimitado e sua substituição por uma perspectiva que se concentra na "forma como a vida social está ordenada ao longo do tempo e do espaço" (Giddens, 1990, p. 64). Essas novas características temporais e espaciais, que resultam na compressão de distâncias e de escalas temporais, estão entre os aspectos mais importantes da globalização a ter efeito sobre as identidades culturais.

21) Como McGrew define globalização?

De acordo com McGrew (1999), Globalização poder ser concebida como um processo (ou conjunto de processos) que inclui uma transformação na organização espacial de relações e transações sociais gerando fluxos e redes de atividade, interação e poder, não só inter-regionais como transcontinentais. Segundo este esta é caracterizada por quatro tipos de alterações: - envolve um alargamento das atividades econômicas, políticas e sociais através de fronteiras políticas, regiões e continentes; - sugerem a intensificação ou a magnitude crescente da interligação e fluxos de comércio, investimento, finanças, migração, cultura, etc.; - associa a crescente extensão e intensidade da interligação global a uma aceleração de processos e interações globais, na medida em que a evolução dos sistemas de transporte e comunicações mundiais aumenta a difusão de idéias, bens, informação, capital e pessoas; - a crescente extensão, intensidade e velocidade das interações globais podem ser associadas com o aprofundamento e intensificação do seu impacto, de tal forma que os efeitos de acontecimentos distantes podem ser, altamente, significativos noutros lugares e, mesmo, os desenvolvimentos mais localizados podem vir a ter enormes conseqüências globais. Neste sentido, as fronteiras entre os assuntos “domésticos” e os negócios globais podem tornar-se cada vez mais esbatidas. Resumindo, McGrew afirmam que a globalização pode ser pensada como o alargamento, a intensificação, a aceleração e o impacto crescente da interdependência mundial.

22) Qual a posição de Wallerstein em relação ao capitalismo?

O capitalismo foi desde o inicio um elemento da economia mundial e não dos estados-nação. O capitalismo nunca permitiu que suas aspirações fossem determinadas por fronteiras.

23) Qual o impacto da última fase da globalização sobre as identidades nacionais? E como Harvey analisa essa questão?

A globalização é abordada por Harvey como um projeto geopolítico empreendido pelos Estados Unidos com o apoio de alguns aliados como a Grã-Bretanha, sobretudo no período tatcherista. E que, desde 1945, os EUA vêm pensando localmente e agindo globalmente, sobretudo por meio das suas políticas externa, militar e comercial.
Ao longo do livro, Harvey vai construindo sua tese para defender a idéia de que a globalização, fabricada e edificada em prol dos interesses norte-americanos, ao mesmo tempo em que produz desenvolvimentos geográficos desiguais e disparidades sócio-econômicas e políticas, também constrói sua própria fragilização, através dos seus aspectos negativos e desmobilizadores.
Baseado nas contradições e paradoxos da própria globalização, Harvey afirma que estes oferecem oportunidades para que uma política progressista alternativa possa emergir, criando um conjunto sem precedentes de condições para uma mudança radical.

24) Qual o efeito da globalização sobre as identidades?

As identidades nacionais estão se desintegrando, como resultado do crescimento da homogeneização cultural do e do "pós-moderno global".
As identidades nacionais e outras identidades e outras identidades "locais" ou particulares estão sendo reforçadas pela resistência à globalização.
As identidades nacionais estão em declínio, mas novas identidades __ híbridas __ estão tomando seu lugar.

25) O que se entende por pós-moderna global?

A nova cultura pós-moderna global, ainda que americana, é expressão interna e superestrutural de uma nova era de dominação, militar e econômica, dos Estados Unidos sobre o resto do mundo: nesse sentido, como durante toda a história de classes, o avesso da cultura é sangue, tortura, morte e terror. (JAMESON, 2004, p.31)

26) As identidades nacionais estão ainda amenizadas? Discuta as visões abordadas.

Que impacto tem a última fase da globalização sobre as identidades nacionais? Uma de suas características principais é a "compressão espaço-tempo", a aceleração dos processos globais, de forma que se sente que o mundo é menor e as distâncias mais curtas, que os eventos em um determinado lugar têm um impacto imediato sobre pessoas e lugares situados a uma grande distância. David Harvey argumenta que.

27) A globalização é um fenômeno Oriental e Ocidental? Reflita o argumento.

Embora tenha se projetado a si próprio como trans-histórico e transnacionail, como a força transcendente e universalizadora da modernização e da modernidade, o capitalismo global é, na verdade, um processo de ocidentalização - a exportação das mercadorias, dos valores, das prioridades, das formas de vida ocidentais. Em um processo de desencontro cultural desigual, as populações "estrangeiras" têm sido compelidas a ser os sujeitos e os subalternos do império ocidental, ao mesmo tempo em que, de forma não menos importante, o Ocidente, vê-se face a face com a cultura "alienígena" e "exótica" de seu "Outro". A globalização, à medida que dissolve as barreiras da distância, torna o encontro entre o centro colonial e a periferia colonizada imediato e intenso (Robins, 1991, p. 25).
28) Reflita sobre as imigrações e os conflitos da atualidade.

A importância do discurso midiático na configuração da imagem pública do imigrante torna-se clara nessa digressão, bem como a manipulação da opinião pública pelo discurso político. Ao desvelar ante os olhos do leitor a postura xenofóbica adotada pelo Ocidente, o autor promove uma reflexão sobre o que ele mesmo denomina Englishness, em seu livro de ensaios Imaginary Homelands. Segundo Rushdie, na tentativa de se construir o traço da “inglesidade’, constitutivo da identidade cultural britânica, o binarismo eu/outro opera como um divisor de águas social, de tal modo que os imigrantes asiáticos são todos reunidos sob o rótulo de “indianos”, que passa a ser associado à alteridade.Assim, a diversidade cultural dos imigrantes, bem como a sua participação no tecido social de um país que contém um número expressivo de imigrantes de diversas nacionalidades, é ignorada.
A manutenção do olhar eurocêntrico indica que a concepção do pós-colonialismo está mais fundamentada em um fato histórico, a independência política, que em questões de identidade cultural.

29) Discorra sobre a reação defensiva das identidades globais.

A possibilidade de que a globalização possa levar a um fortalecimento de identidades locais ou à produção de novas identidades.
O fortalecimento de identidades locais pode ser visto na forte reação defensiva daqueles membros dos grupos étnicos dominantes que se sentem ameaçados pela presença de outras culturas. No Reino Unido, por exemplo, a atitude defensiva produziu uma "inglesidade" (Englishness) reformada, um "inglesismo" mesquinho e agressivo e um recuo ao absolutismo étnico, numa tentativa de escorar a nação e reconstruir "uma identidade que seja una, unificada, e que filtre as ameaças da experiência social" (Sennett, 1971, p. 15). Isso freqüentemente está baseado no que antes chamei de "racismo cultural" e é evidente, atualmente, em partidos políticos legais, tanto de direita quanto de esquerda, e em movimentos políticos mais extremistas em toda a Europa Ocidental.
Algumas vezes isso encontra uma correspondência num recuo, entre as próprias comunidades comunitárias, a identidades mais defensivas, em resposta à experiência de racismo cultural e de exclusão. Tais estratégias incluem a re-identificação com as culturas de origem (no Caribe, na Índia, em Bangladesh, no Paquistão); a construção de fortes contra-etnias __ como na identificação simbólica da segunda geração da juventude afro-caribenha, através dos temas e motivos do rastafarianismo, com sua origem e herança africana; ou o revival do tradicionalismo cultural, da ortodoxia religiosa e do separatismo político, por exemplo, entre alguns setores da comunidade islâmica.

30) Defina tradição e tradução.

Naquilo que diz respeito às identidades, essa oscilação entre Tradição e Tradução (que foi rapidamente descrita antes, em relação à Grã-Bretanha) está se tornando mais evidente num quadro global. Em toda parte, estão emergindo identidades culturais que não são fixas, mas que estão suspensas, em transição, entre diferentes posições; que retiram seus recursos, ao mesmo tempo, de diferentes tradições culturais; e que são o produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que são cada vez mais comuns num mundo globalizado. Pode ser tentador pensar na identidade, na era da globalização, como estando destinada a acabar num lugar ou noutro: ou retornando a suas "raízes" ou desaparecendo através da assimilação e da homogeneização. Mas esse pode ser um falso dilema.
Pois há uma outra possibilidade: a da Tradução. Este conceito descreve aquelas formações de identidade que atravessam e intersectam as fronteiras naturais, compostas por pessoas que forma dispersadas para sempre de sua terra natal. Essas pessoas retêm fortes vínculos com seus lugares de origem e suas tradições, mas sem a ilusão de um retorno ao passado.Elas são obrigadas a negociar com as novas culturas em que vivem, sem simplesmente serem assimiladas por elas e sem perder completamente suas identidades. Elas carregam os traços das culturas, das tradições, das linguagens e das histórias particulares pelas quais foram marcadas. A diferença é que elas não são e nunca serão unificadas no velho sentido, porque elas são, irrevogavelmente, o produto de várias histórias e culturas interconectadas, pertencem a uma e, ao mesmo tempo, a várias "casas" (e não a uma "casa" particular). As pessoas pertencentes a essas culturas híbridas têm sido obrigadas a renunciar ao sonho ou à ambição de redescobrir qualquer tipo de pureza cultural "perdida" ou de absolutismo étnico. Elas estão irrevogavelmente traduzidas. A palavra "tradução", observa Salman Rushdie, "vem, etimologicamente, do latim, significando "transferir"; "transportar entre fronteiras". Escritores migrantes, como ele, que pertencem a dois mundos ao mesmo tempo, "tendo sido transportados através do mundo..., são homens traduzidos" (Rushdie, 1991). Eles são o produto das novas diásporas criadas pelas migrações pós-coloniais. Eles devem aprender a habitar, no mínimo, duas identidades, a falar duas linguagens culturais, a traduzir e a negociar entre elas. As culturas híbridas constituem um dos diversos tipos de identidade distintivamente novos produzidos na era da modernidade tardia. Há muitos outros exemplos a serem descobertos.

31) O que o autor chama de reconstrução de identidades purificadas?

Algumas identidades gravitam ao redor daquilo que Robins chama de "Tradição", tentando recuperar sua pureza anterior e recobrir as unidades e certezas que são sentidas como tendo sido perdidas. Outras aceitam que as identidades estão sujeitas ao plano da história, da política, da representação e da diferença e, assim, é improvável que elas sejam outra vez unitárias ou "puras"; e essas, conseqüentemente, gravitam ao redor daquilo que Robins (seguindo Homi Bhabha) chama de "Tradição".

32) Discorra sobre o fundamentalismo.

O próprio ritmo e a irregularidade da mudança cultural global produzem com freqüência suas próprias resistências, que podem, certamente, ser positivas, mas, muitas vezes, são reações defensivas negativas, contrárias à cultura global e representam fortes tendências a “fechamento” (ver Woodward, 1997). Por exemplo, o crescimento do fundamentalismo cristão nos EUA, do fundamentalismo islâmico em regiões do Oriente Médio, do fundamentalismo hindu na Índia, o ressurgimento dos nacionalismos étnicos na Europa Central e Oriental, a atitude anti-imigrante e a postura euro-cética de muitas sociedades do ocidente europeu, e o nacionalismo cultural na forma de reafirmações da herança e da tradição (ver capítulo 1 desta obra), embora tão diferentes entre si, podem ser considerados como reações culturais conservadoras, fazendo parte do retrocesso causado pela disseminação da diversidade efetuada pelas forças da globalização cultural.
Todos estes fatores, então, qualificam e complexificam qualquer resposta simplista, puramente celebratória em relação à globalização como forma dominante de mudança cultural num futuro previsível (ver, por exemplo, as críticas de Hirst e Thompson, 1996 e de Goldblatt et al., 1997). Estes fatores não podem, no entanto, negar por completo a escala de transformações nas relações globais constituída pela revolução cultural e da informação. Queiramos ou não, aprovemos ou não, as novas forças e relações postas em movimento por este processo estão tornando menos nítidos muitos dos padrões e das tradições do passado. Por bem ou por mal, a cultura é agora um dos elementos mais dinâmicos — e mais imprevisíveis — da mudança histórica no novo milênio. Não deve nos surpreender, então, que as lutas pelo poder sejam, crescentemente, simbólicas e discursivas, ao invés de tomar, simplesmente, uma forma física e compulsiva, e que as próprias políticas assumam progressivamente a feição de uma “política cultural” (ver, por exemplo, Jordan e Weedon, 1995).

33) Finalmente, qual a conclusão que Hall chega em relação à globalização?

Como conclusão provisória, parece então que a globalização tem, sim, o efeito de contestar e deslocar as identidades centradas e "fechadas" de uma cultura nacional. Ela tem um efeito pluralizante sobre as identidades, produzindo uma variedade de possibilidades e novas posições de identificação, e tornando as identidades mais posicionais, mais políticas, mais plurais e diversas; menos fixas, unificadas ou trans-históricas. Entretanto, seu efeito geral permanece contraditório.
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Choque de Civilizações.



Freud – grandes revoluções científicas derrubaram a arrogância humana – copernicana – darwiniana – inconsciente





Primeira teoria da evolução – Lamarck animais mudavam sob pressão ambiental, transferindo as mudanças para prole – início séc. xix – influenciou Darwin mas questionou a transmissão hereditária dos esforços individuais baseou em variação casual e seleção natural

Descobertas recentes – microbiologia, bioquímica e biologia molecular – teoria sistêmica ou teoria dos sistemas vivos – diversidade e complexidade – de acordo com a hipótese gaia a evolução não pode ficar limitada à adaptação de organismos ao seu meio ambiente, o próprio meio ambiente é um ser vivo – o quem se adapta a que? não é a competição (Darwin) e sim a cooperação e a dependência mútua entre todas as formas de vida – formação de redes –criatividade da natureza é ilimitada,

O homem ancestral mais primitivo descoberto até agora pertence ao gênero Australopithecus, que viveu três milhões de anos atrás. Os restos de Australopithecines foram descobertos principalmente no Vale Rift na África. Membros primitivos de nosso gênero, Homo erectus, e seu parente próximo, Homo ergaster, surgiram na mesma região 2.5 milhões de anos atrás. Esses “arcaicos” hominídeos migraram para fora da África aproximadamente a 1.5 milhões de anos para fundar populações na Europa, no Oriente Médio e na Ásia.
Fósseis do homem moderno, datando de 40.000 a 100.000 anos atrás, foram descobertos por toda parte no “Velho Mundo” – África, Europa e Ásia – e Austrália. Dizemos que é membro de nossa espécie, Homo sapiens, aqueles que compartilham conosco importantes características anatômicas (tamanho e formato do crânio) e de comportamento (o uso de lâminas, ferramentas de osso, pigmentos, enterro, arte, comércio, caça, e recursos ambientais variados). Esses humanos subseqüentemente se dispersaram para Micronésia, Polinésia, e o “Novo Mundo” (Américas do Norte e do Sul).
Como e onde o homem moderno surgiu é uma questão de debate entre duas teorias opostas. Defensores de uma teoria multiregional afirmam que as populações de homens modernos se desenvolveram independentemente a partir das populações de Homo erectus ou Homo ergaster na África, na Europa e na Ásia. Grupos modernos primitivos evoluíram com a troca entre si de membros e deram origem populações modernas. Partidários de outra teoria, comumente chamada de “fora da África”, afirmam que as populações de homens modernos derivaram de um simples grupo que deixou a África perto de 80.000 anos atrás. Esse grupo migrou através do Velho Mundo, desalojando quaisquer hominídeos arcaicos sobreviventes. De qualquer forma, todos os cientistas hoje concordam que os parentes do hominídeo surgiram na África, mas discordam em quando os ancestrais diretos do homem deixaram a África para popular o globo.
Primeira metade do século xx acreditava-se que o humano surgiu a partir momento que o primata que nos deu origem começou a simbolizar foi início da paleontologia humana – ciência que busca registros fosseis de nossos ancestrais para reconstruir a nossa história no planeta – surgiu na Europa - visão euro centrista – homem surgiu na Europa – procura do elo perdido
Em 1974, a descoberta do fóssil de Lucy, que andava em pé há mais de 3 bilhões de anos, Australophitecus afarensis, nome científico de Lucy. Nosso ancestral Australopithecus afarensis, que viveu na África há mais de 3,4 milhões de anos, o cérebro dela não era muito maior do que uma tangerina. Comparado ao da nossa espécie, que tem 3 vezes esse tamanho, o achado confirmou a importância do crescimento do cérebro para o surgimento do pensamento abstrato, traço que fez do Homo sapiens um animal completamente diferente das outras espécies.

Nesse momento, alguma mudança sutil (talvez em nosso cérebro) teria feito com que a linguagem humana atingisse o nível de sofisticação que distanciou o Homo sapiens dos outros animais. “Uma vez desenvolvido o pensamento simbólico, nós passamos a viver não apenas no mundo natural, mas também no mundo reconstruído por nossa própria mente”.

Pesquisadores concluíram que diversos hominídeos devem ter se esbarrado na África por volta de 2 milhões de anos atrás. A descoberta aposentou de vez a imagem da evolução como uma fila em que cada espécie substituía outra

Mais recentemente, o próprio Homo sapiens dividiu terreno com os neandertais, que, por algum mistério, desapareceram do planeta há cerca de 30 000 anos. Basicamente, há duas teorias para explicar esse desaparecimento: a primeira é a de que eles foram dizimados após centenas de anos de confronto com a nossa espécie. A segunda é a de que as duas espécies possam ter se reproduzido e, após milhares de anos, os traços do Homo sapiens prevaleceram sobre os do neandertais.

O hominídeo que tem sido considerado ancestral tanto do Homo sapiens como do neanderthalensis é o Homo heidelbergensis. De acordo com os pesquisadores, a transição dele para a nossa espécie pode ter ocorrido na África entre 300 000 e 200 000 anos atrás. O que aconteceu desde então permanece um mistério. Pelo menos até a descoberta de um novo fóssil

A teoria de que nós todos viemos de seres humanos que deixaram a África há cerca de 100 mil anos está sendo novamente questionada, desta vez por pesquisadores americanos que tiveram acesso ao material do projeto do genoma humano.

A maior parte dos cientistas concordam que os primeiros hominídeos saíram da África pela primeira vez há cerca de 1,8 milhão de anos e passaram a conquistar outras terras, mas há controvérsia em relação ao que ocorre depois disso.

A teoria tradicional acredita que houve um segundo êxodo de africanos – os homens modernos –, que substituíram todas as outras populações locais, incluindo o homem de Neandertal, na Europa.
Mas para os defensores da nova teoria – chamada de multiregional –, nem todas as populações de hominídeos foram completamente extintas. Algumas delas teriam se misturado com os africanos, contribuindo para a formação do atual genoma humano.
Cruzamento

A nova pesquisa foi publicada pela revista Proceedings of the National Academy Sciences (PNAS).

A equipe de pesquisa, liderada pelo professor de antropologia da Universidade de Utah, estudou pequenas diferenças no DNA humano.

Ao investigar quando essas mutações apareciam, os cientistas conseguiram abrir uma janela para o passado humano, chegando até a ascensão e queda dos primeiros seres humanos em diversas partes do mundo.

O estudo sugere que houve um cruzamento há cerca de 40 mil anos entre a população africana e populações locais, como a européia.

Pesquisas genéticas anteriores haviam confirmado a teoria de que uma população africana que se expandia rapidamente se espalhou globalmente e substituiu as outras populações.

O professor Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, lembra que os próprios pesquisadores reconhecem que "o cruzamento pode ter sido limitado, e a questão – se chegou mesmo a acontecer – ainda está aberta".

BBC Londres 2002

PALEONTOLOGIA

    
Adão era africano

Fósseis descobertos na Etiópia antecipam o surgimento do homem moderno em 40 000 anos
O exame de características do DNA humano em laboratório levou os cientistas a identificar o ancestral comum de todos os seres humanos atuais. O chamado "Adão genético" seria um homem que viveu na África 200.000 anos atrás e cujas características genéticas se perpetuam até hoje em nosso corpo. A pesquisa, realizada na década passada, tinha um problema: não havia evidências físicas da existência desse ancestral. Com base nos fósseis disponíveis, estimava-se que o homem moderno tivesse surgido 120.000 anos atrás. Na semana passada, a teoria de Adão se tornou realidade com a exibição de seu crânio. Na verdade, são três crânios fossilizados – dois de adulto e um de criança. Trata-se dos mais antigos e mais bem preservados fósseis humanos já descobertos. Foram encontrados em escavações na Etiópia, de onde já emergiram os restos de outros hominídeos. O sensacional é que esses são anatomicamente como nós e foram datados de 160.000 anos atrás.
Os dois homens e o garoto passariam despercebidos se andassem pelas ruas de qualquer cidade brasileira. O crânio deles era um pouco maior, o cérebro ligeiramente mais volumoso e o rosto mais comprido que os do homem moderno. Os cientistas acreditam que tenham sido também mais altos e corpulentos. "Pegue o homem mais forte de qualquer população robusta atual, adicione alguns hormônios e teremos o idaltu. Ele era realmente forte e grande", disse o paleontólogo americano Tim White, da Universidade da Califórnia e responsável pela descoberta, em entrevista ao jornal inglês Daily Telegraph. As características arcaicas fizeram com que os exemplares fossem catalogados como sendo de uma subespécie do Homo sapiens sapiens (homem moderno). Receberam o nome de Homo sapiens idaltu (o mais velho, na língua da região em que foram descobertos). Até agora não se tinha descoberto fósseis intermediários entre os pré-humanos e o homem moderno. Os crânios lançam luz sobre um dos mais intrigantes enigmas da evolução: as circunstâncias e o momento em que surgiu nossa espécie. Sobre esse período nebuloso, que se estende entre 100.000 e 300.000 anos atrás, sobram teorias e faltam provas. A contribuição mais importante do Homo sapiens idaltu é reforçar a concepção de que o homem surgiu na África e de lá partiu para a conquista de outros continentes. A hipótese oposta, e menos aceita, é que a espécie humana se desenvolveu simultaneamente em vários continentes. Pela primeira vez podemos ver ancestrais diretos do homem – e eles são africanos.
A descoberta foi feita por uma equipe de 45 cientistas de catorze países liderada por Tim White, um dos mais experientes e bem-sucedidos caçadores de fósseis em atividade. Os crânios foram encontrados em 1997, num lugarejo chamado Herto, na região de Afar, que é um paraíso para os paleantropólogos (especialistas em espécies ancestrais humanas). A região é uma das mais quentes do planeta, a ponto de só ser habitada em parte do ano. Mas a paisagem era mais acolhedora há 160.000 anos, com florestas e um grande lago repleto de hipopótamos e crocodilos. Faltam aos exemplares encontrados os maxilares inferiores, que não foram localizados, e o crânio do menino estava estilhaçado em mais de 200 pedaços e foi cuidadosamente remontado pelos pesquisadores. Recolheram ainda ossos de sete pessoas, mais de 600 artefatos de pedra e ossos de hipopótamos e antílopes. Um sinal de que nossos antepassados sabiam esquartejar animais de grande porte. Foram necessários mais de três anos de testes somente para a datação e mais dois para a análise do material.

Revista Veja 18 de junho de 2003.( O Evolucionismo é apenas uma teoria)
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Antropos e Psique....

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