quarta-feira, 18 de junho de 2008

Huntigton

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
HOMEM E SOCIEDADE
PROF. NEUSA

CHOQUE DE CIVILIZAÇOES

SAMUEL HUNTINGTON

Comparado ao "Fim da História", de F. Fukuyama, pelo impacto causado com sua publicação nos Estados Unidos, "O CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES", do historiador americano Samuel Huntington é um ensaio incisivo e profético sobre a nova ordem mundial. Huntington propõe, neste livro, uma mudança radical do paradigma que vem sendo utilizado para a compreensão da política internacional.
"O CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES" foi desenvolvido a partir de um artigo com mesmo título que saiu em 1993 na revista "Foreign Affairs", alcançando grande repercussão e provocando intensos debates. Para o autor, no mundo pós-Guerra Fria, a principal fonte de conflito se dá na esfera cultural, e não na ideológica ou econômica. As pretensões universalistas do Ocidente o levam cada vez mais para o confronto com outras civilizações, em especial, com o Islã e a China.
Um dos mais notáveis pensadores políticos da atualidade, Huntington é diretor do Instituto John M. Olin de Estudos Estratégicos, em Harvard, e foi um dos coordenadores,
conspiração islâmica e a teoria do choque de civilizações têm sido progressivamente inventadas desde 1990 no sentido de proporcionar , uma ideologia disponível após o colapso da União Soviética. Bernard Lewis, um especialista britânico sobre o Médio Oriente, Samuel Huntington, historiador americano, e Laurent Murawiec, um consultor francês, foram os principais criadores desta teoria que justifica, a cruzada dos EUA por petróleo.

Publicado em 1996, "O Choque das Civilizações" de Huntington representa o mundo dividido em civilizações (ocidental, ortodoxa, islamismo, confuciana, japonesa, hindu, budista, africana e latino-americana) fundamentadas em uma série de diferenças culturais. A ideologia e a política dariam lugar a essas divisões culturais em torno das quais se formariam alianças e se definiram guerras. Textualmente ele coloca:

“A idéia que proponho é que a fonte fundamental de conflitos neste novo mundo não será de natureza principalmente ideológica, nem econômica. As grandes divisões entre a humanidade e a fonte predominante de conflito serão culturais. Os Estados-nação continuarão a ser os atores mais poderosos nos assuntos mundiais, mas os principais conflitos da política global vão se dar entre países e grupos que fazem parte de civilizações distintas. O choque de civilizações vai dominar a política mundial. As linhas divisórias entre as civilizações formarão as frentes de batalha do futuro."

Ou ainda

"A política mundial está sendo reconfigurada seguindo linhas culturais e civilizacionais. Nesse mundo, os conflitos mais abrangentes, importantes e perigosos não se darão entre classes sociais, ricos e pobres, ou entre outros grupos definidos em termos econômicos, mas sim entre povos pertencentes a diferentes entidades culturais. As guerras tribais e os conflitos étnicos irão ocorrer no seio das civlizações. Entretanto, a violência entre Estados e grupos de civilizações diferentes carrega consigo o potencial para uma escalada na medida em que outros Estados e grupos dessas civilizações acorrem em apoio a seus ‘países afins’. O sangrento choque de clãs na Somália não apresenta nenhuma ameaça de um conflito mais amplo. O sangrento choque de tribos em Ruanda tem conseqüências para Uganda, Zaire e Burundi, mas não muito além desses países. Os sangrentos choques de civilizações na Bósnia, no Cáucaso, na asia Central e na Caxemira poderiam se transformar em guerras maiores. Nos conflitos iugoslavos, a Rússia proporcionou apoio diplomático aos sérvios, enquanto a Arábia Saudita, a Turquia, o Irã e a Líbia forneceram fundos e armas para os bósnios, não por motivos de ideologia, de política de poder ou de interesse econômico, mas devido à afinidade cultural. Václav Havel assinalou que ‘os conflitos culturais estão aumentando e são mais perigosos hoje em dia do que em qualquer momento da História’, e Jacques Delors concordou que ‘os futuros conflitos serão deflagrados mais por fatores culturais do que pela economia ou pela ideologia’. E os conflitos culturais mais perigosos são aqueles que ocorrem ao longo das linhas de fratura entre as civilizações."

Assim nesta obra somos introduzidos a um novo olhar debruçado sobre as relações internacionais, não só históricas mas também contemporâneas. Samuel P. Huntington é o responsável pela formalização de um novo tipo de tese e de conceitos para entender a pós-modernidade dentro de seu conceito de choque de civilizações. expõe a Neste novo cenário saído da queda do Muro de Berlim e da desintegração do Pacto
Conceitos e definições a partir de Huntington
Civilização Universal
Implica em uma cultura que seja comum a toda humanidade.
Valores básicos
Alguns valores básicos existiriam em qualquer tipo de civilização, tais como alguma forma de instituição como a família, não considera as mudanças no comportamento humano, o que em última instância, move a história.
Civilização x barbárie
O conceito de civilização (no singular) foi criado para se opor à barbárie e faz referência às cidades, alfabetização, entre outros.
Cultura de Davos
Este termo faz referência à cultura existente em muitos países na qual dominam o individualismo, a economia de mercado e a democracia política.

Consumo e ocidentalização
A outra forma de civilização universal poderia ser originária da disseminação do consumo e a conseqüente ocidentalização dos povos. Não é considerada profunda e nem relevante por Huntington. Segundo o autor, há vários exemplos como a ampla aceitação de produtos eletrônicos japoneses nos EUA, sem que os americanos adquiram traços da cultura do país oriental.
Mídia e ocidentalização
É uma argumentação semelhante à anterior, no entanto, substitui o consumo pelo poder da mídia globalizada.
Comunicação Global
A hegemonia da comunicação global poderia criar uma espécie de repúdio por parte da população oriental do modelo social ocidental, devido aos esforços de políticos populistas nesse sentido.
Elementos Centrais da Civilização
Se há de fato o surgimento de uma civilização universal, deve haver também a emergência de um idioma e religião universais à medida que essas são os elementos centrais da civilização.
Idioma
Os dados empíricos não corroboram com a teoria de uma convergência para um único idioma no mundo.
No entanto, existe sim uma tendência no sentido de um certo idioma ser determinado como meio de comunicação para fins comerciais, turísticos e financeiros. A esse se dá o nome de Língua de Comunicação Mais Ampla (LCMA).Em alguns países, o inglês é visto também de forma hostil para os residentes que terminam por tentar afirmar a identidade do país através da erradicação desse.
Religião
Huntington considera a probabilidade da existência de uma religião universal ligeiramente maior que a de um idioma. Isso é de vital importância à medida que a religião é a principal característica constituinte da civilização.
Por outro lado há o crescimento do Cristianismo e Islamismo, principalmente deste último devido à adesão a essa religião não só pela conversão, como no caso do Cristianismo, e também pela reprodução, à medida que os países de maioria islâmica possuem grandes índices de natalidade.
Teorias da emergência de uma civilização universal
Huntington argumenta que as “pessoas definem sua identidade pelo que não são. À medida que uma maior intensificação das comunicações, do comércio exterior e das viagens internacionais multiplica as interações entre as civilizações, as pessoas atribuem uma importância cada vez maior à sua identidade civilizacional”.
Alternativa única
Centra-se na derrocada do comunismo, para a ascensão da democracia liberal como forma de organização mundial. É refutada ao se identificar outras formas de nacionalismo, autoritarismo, corporativismo e comunismo de mercado (China).
Cultura mundial Comum
Essa cultura que levaria a uma civilização universal estaria apoiada em uma maior interação entre os povos..
Processos de Modernização
Esses processos consistem na industrialização, urbanização, melhoria dos índices humanos, envolvendo, longevidade média, alfabetização, renda, etc, mobilidade social, entre outros.
Cerne da civilização Ocidental
Relevante principalmente na civilização ocidental, o legado clássico consiste em diversas características como a filosofia grega, o Direito romano, o latim e o Cristianismo.
Catolicismo e Protestantismo
Como religião, o Cristianismo é a principal característica da religião ocidental. Dentro da religião houve um forte sentimento de diferenciação relativamente às outras civilizações e como Huntington sublinha, “...foi tanto por Deus como pelo ouro que os ocidentais partiram para conquistar o mundo no século XVI”.
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Separação da autoridade espiritual e temporal
A separação entre a Igreja e o Estado e principalmente os conflitos envolvendo as duas entidades são características que juntas tornam a civilização ocidental única no mundo.
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Corpos representativos
O pluralismo social conduziu a sociedade para regimes de órgãos representativos, assim que a democracia em seu sentido original tornou-se inviável. Superando as críticas de filósofos e cientistas políticos como Rosseau, que preconizava uma forma direta e não representativa de governo, a democracia representativa evolui através dos tempos, originando sistemas que possibilitaram uma maior participação política por parte da população.

Individualismo
Os direitos e liberdades individuais levaram a uma noção de individualismo, juntamente com as demais características da civilização ocidental.
Um estudo estatístico citado por Huntington ratificou essa tendência em detrimento ao coletivismo, predominante nas demais civilizações.
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Os ataques de 11 de Setembro, atribuídos a uma "conspiração islâmica" pela administração Bush, foram interpretados como a primeira manifestação de um "choque de civilizações", tanto na Europa como nos Estados Unidos. Assim, o mundo muçulmano-árabe teria empreendido uma guerra contra o mundo judaico-cristão. Não haveria mais nenhuma solução senão a vitória de um sobre o outro: o triunfo do islã e a imposição de um califado mundial (quer dizer, um império islâmico), ou a vitória dos "valores americanos" compartilhados por um islã moderno num mundo globalizado.

A teoria do choque de civilizações cristalizou-se nos aspectos religiosos. O controle judaico-cristão de Jerusalém é um talismã exigido para a vitória global. Se o Ocidente perder a Cidade Santa, perderá também a força para cumprir o seu destino manifesto, a sua missão divina. Da mesma forma, se os muçulmanos perderem o controle de Meca, a sua religião desmoronar-se-á. Claro que isto não tem nada de racional, mas estas superstições estão presentes na imprensa popular americana e fazem parte também de uma forma de discurso político.
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