quinta-feira, 19 de junho de 2008

Oração aos Moços



Oração aos moços.
Rui Barbosa.
Ano 1922.


Resenha

Quem sabe-sabe e pronto, pois Até uma simples carta - que no caso de um gênio deixa de ser simples - entra para a historia da literatura de nosso Brasil. Tudo começou com um simples convite da turma de formandos do curso de Direito da USP, ao Advogado, Jornalista, jurista, político, diplomata, ensaísta e orador Rui Barbosa. Nascido na capital do estado da Bahia, Salvador, em 5 de novembro de 1849, e faleceu (apenas o corpo) em Petrópolis, RJ, em 1º de março de 1923. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras, que tem sua sede na cidade do Rio de Janeiro.

É impressionante a capacidade que este brasileiro tem de raciocinar sobre eventos, ou momentos que aparentemente não tem assim por dizer tão grande importância, ao iniciar a leitura deste livro, já logo no inicio percebe-se claramente que ali não consta apenas uma simples oração, pois a profundidade inicial desta carta mostra-nos claramente que para esse cidadão o evento sobre o qual ele esta escrevendo tem uma importância não só para eles(alunos) mas principalmente para o Brasil.

Ao ler e meditar na profundeza que expõe a esta carta mostra quão admirável é este homem oração aos moços não é uma oração religiosa, mas é como se fosse uma súplica extremamente bem planejada, bem pensada com meses de antecedência, mas não é nada disso, pois se assim fosse seria apenas os “frutos do trabalho” e por não ser torna o autor da carta um personagem ainda mais brilhante.

Ele começa expressando sua esperança naqueles moços, de continuar o trabalho que ele estava de sua parte prestes a terminar.
Como sempre acontece com um “grande” brasileiro é perfeitamente possível detectar em suas palavras um tom de despedida, chega a ser emocionante a sua explicação quanto ao fato de não ser possível estar pessoalmente no evento, colocando a responsabilidade em Deus, e considerando o oficio de advogado como um sacerdócio.
“Não quis Deus que os meus cinqüenta anos de consagração ao direito viessem receber no templo do seu ensino em São Paulo o selo de uma grande bênção, associando-se hoje com a vossa admissão ao nosso sacerdócio, na solenidade imponente dos votos em que o ides esposar.”
Rui Barbosa expressa de maneira extremamente humilde toda a sua sabedoria, experiência, o amadurecimento que adquiriu ao longo de sua vida. Vale lembrar que ele mesmo convalescendo não esquece dos miseráveis daquela época.

Como essa carta continua atual, poderia ter sido escrita hoje. O carinho para com o povo brasileiro foi outra face de Rui Barbosa sempre se preocupou com os menos favorecidos, sonhava ele uma vida digna para todo o povo brasileiro, talvez tenha aprendido sobre miséria em seus dias de mocidade na Bahia.

Mas apesar de todo o seu descontentamento com a situação social da camada esquecida da sociedade, ele deixa bem claro que não, este convite não o encontra com o “gosto amargo” do fel na boca, pelo contrario sentiu-se extremamente honrado com tal convite.

Faz uma comparação brilhante entre o bem e o mal usando da pessoa de Jesus Cristo com todo respeito reconhecendo ser este o filho de Deus, amoroso, receptivo porem em estado de homem também irava. Tudo isso para justificar um possível descontentamento com a situação do povo brasileiro, abandonado por seus governantes, que sempre se fizeram de cegos para não ver a triste realidade social daquela época, mas ao perceber isso faz um esforço para retomar a direção do assunto em questão.

Assim que a bênção do paraninfo não traz fel. Não lhe encontrareis no fundo nem rancor, nem azedume, nem despeito. Os maus só lhe inspiram tristeza e piedade. Só o mal é o que o inflama em ódio. Porque o ódio ao mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino. Vede Jesus despejando os vendilhões do tempo, ou Jesus provando a esponja amarga no Gólgota. Não são o mesmo Cristo, esse ensangüentado Jesus do Calvário e aqueloutro, o Jesus iroso, o Jesus armado, o Jesus do látego inexorável? Não serão um só Jesus, o que morre pelos bons, e o que açoita os maus?
À medida que o nobre jurista vai escrevendo a carta, ele vai cada vez mais se aprofundando na conjuntura, político-social daquela época. Sabendo que já não tinha muito mais tempo de vida, Rui Barbosa aproveita a oportunidade para deixar bem claro aos moços, que ele não tinha perdido a esperança, de termos um país aonde à eqüidade venha a prevalecer.

Ao contrario de muitos que, naquela altura da vida, com uma grande quantidade de decepção por deglutir, não quer mais lutar, e só pensa em viver seus últimos dias de pijama, se corroendo de dor e tristeza, por ter lutado a vida toda, sem ter alcançado seus objetivos. Ele não perde a oportunidade de ir fundo, mas bem fundo, nas consciências daqueles bacharéis. É como se ele estivesse emitindo um grito de socorro bem alto, que alias ate hoje ecoa em nossos ouvidos, um pedido de socorro não para si mesmo, mas para toda a sociedade brasileira, principalmente para os mais humildes, e necessitados.

Outro fato que chama-nos atenção é o nível de espiritualidade do Dr. Rui Barbosa, seus livros sempre fazem menção, as personalidades celestiais. Deus está sempre presente nas palavras do nobre jurista. Tal virtude, com certeza, foi decisiva para que em toda sua vida, o equilíbrio e a convicção de seus pontos de vistas, tivessem coerência, clareza e objetividade. Como esta carta, em que ele sem pestanejar, transformou-a em uma oração.

“Então, não somente não peca o que se irar, mas pecará não se irando. Cólera será; mas cólera da mansuetude, cólera da justiça, cólera que reflete a de Deus, face também celeste do amor, da misericórdia e da santidade.”
“Dela esfuzilam centelhas, em que se abrasa, por vezes, o apóstolo, o sacerdote, o pai, o amigo, o orador, o magistrado...”

Nessa carta o escritor se expõe de maneira clara e categórica. É como se ele estivesse aproveitando a oportunidade de desabafar, e por ser por este intermédio, não se contem e abre o ‘coração’ extrapolando seus sentimentos. De todos os níveis, em todas as áreas de sua vida. Talvez querendo explicar que, há muito, senão tudo, por fazer e ele, sabe que esta vivendo a sua despedida nesta vida. Mostra grande desejo, muito grande de conseguir passar para aqueles jovens bacharéis, o peso, a responsabilidade e a honra de se dedicar a nossa pátria, peso esse que ele sente que esta, também sobre seus “ombros”. Veja um trecho que nos mostra isso, se havia duvida, agora esta já não se faz presente, pois ele compara sua vida com um livro, e não um livro fechado, mas escancarado, totalmente aberto. Veja:

“Estou-vos abrindo o livro da minha vida. Se me não quiserdes aceitar como expressão fiel da realidade esta versão rigorosa de uma das suas páginas, com que mais me consolo, recebei-a, ao menos, como ato de fé, ou como conselho de pai a filhos, quando não como o testamento de uma carreira, que poderá ter discrepado, muitas vezes, do bem, mas sempre o evangelizou com entusiasmo, o procurou com fervor, e o adorou com sinceridade.”
Neste balanço de sua atuação como advogado, jornalista, político, cidadão combativo e como representante do Brasil na Conferência de Haia, na Holanda. Rui Barbosa responde a consulta de Evaristo de Morais, que queria saber qual é o Dever do Advogado; e cuja resposta que emitiu se iguala-la a um tratado de ética profissional.

Essa: Oração aos Moços, que apesar de pequena em suas dimensões, constitui uma obra prima, um verdadeiro clássico da literatura brasileira e no que diz respeito à ética profissional. Grande herança acadêmica que o preocupado Rui Barbosa, deixa às gerações futuras.

Rui Barbosa, também dedica boa parte dessa carta, para alertar os formandos, das características de cada ser. Lembra o notável, não há nada igual nesse mundo. Cada elemento tem suas próprias características. Propriedades exclusivas de cada um, e o Advogado precisa respeitar tal fato, sob pena de não conseguir defender os interesses de seus clientes, deixando assim uma sensação de desamparo. Perceber tais singularidades é de extrema importância, pois como se sabe, o que é bom e agradável para uns, não são para outros. É nessas particularidades, que consiste deixar a agradável aparência de satisfação.
“A parte da natureza varia ao infinito. Não há, no universo, duas coisas iguais. Muitas se parecem umas às outras. Mas todas entre si diversificam. Os ramos de uma só árvore, as folhas da mesma planta, os traços da polpa de um dedo humano, as gotas do mesmo fluido, os argueiros do mesmo pó, as raias do espectro de um só raio solar ou estelar. Tudo assim, desde os astros, no céu, até os micróbios no sangue, desde as nebulosas no espaço, até aos aljôfares do rocio na relva dos prados”.
O nobre jurista não perde a oportunidade, de deixar uma palavra de animo, recomendando que sejam perseverantes, ante os desafios, que eles com certeza iriam encontrar, em suas jornadas. Com certeza o Dr. Rui Barbosa, falava de si próprio, de seus inúmeros obstáculos, das enormes dificuldades que ele com certamente enfrentou. Entretanto a modéstia não deixou que ele citasse a si próprio como exemplo, passando essa honra a outra pessoa. Ninguém chega aonde ele chegou, sem lagrimas, muitas lagrimas, “mãos calejadas” da batalha. Esse brasileiro pode descasar em paz, com a consciência tranqüila, pois dedicou toda sua vida, a cultura brasileira.

“Já vedes que ao trabalho nada é impossível. Dele não há extremos, que não sejam de esperar. Com ele nada pode haver, de que desesperar.”
Na ocasião em escreveu essa carta, ele já estava com a saúde debilitada e já próximo de sua morte, o Dr. Rui Barbosa ensinou, sobretudo como efetuar com perfeição qualquer incumbência assumida. Exortou que ninguém deve começar uma jornada sem estar em condições de executa-la, com o mínimo de profissionalismo, dedicação integral e amor. Sábios conselhos de humildade, mansidão, temperança e dedicação a cada tarefa assumida com a sociedade. Nesse mesma carta ele atribui, que o seu notável saber intelectual as madrugadas em passou em claro estudando com tenacidade e dedicação, um sinal de alerta para todos que milita nessa vida, sem esforço não se consegue absolutamente nada digno de ser inesquecível.
“Há estudar, e estudar. Há trabalhar, e trabalhar. Desde que o mundo é mundo, se vem dizendo que o homem nasce para o trabalho: “Homo nascitur ad laborem”. Mas o trabalhar é como o semear, onde tudo vai muito das sazões, dos dias e das horas. O cérebro, cansado e seco do laborar diurno, não acolhe bem a semente: não a recebe fresco e de bom grado, como a terra orvalhada. Nem a colheita acode tão suave às mãos do lavrador, quando o torrão já lhe não está sorrindo entre o sereno da noite e os alvores do dia”.
Só assim Oração aos Moços, terá alcançado êxito em seus objetivos. Pois o que ele deixa para todos os acadêmicos, é que o destino de nossa nação esta em nossas mãos; no amanhã seremos os governantes de hoje, seremos os legisladores de hoje. Chama ele atenção para o fato que, o destino da nação é responsabilidade de todos nós.

Ninguém pode escusar-se, como se não tivéssemos nada com isso. O nobre Advogado, não se cansa de chamar a atenção, para a importância de se ter mais interesse pelo destino do país. Um balanço dos seus cinqüenta anos de dedicação, a Advocacia, ao Jornalismo, a Política, como Jurista e como cidadão combatente, podem ser apreciado, de maneira biográfica. Mostrando o quanto ele tinha interesse pelos diversos assuntos, que delineiam o rumo que o país pode tomar. Quis ele ajudar que esse rumo fosse o melhor para toda a nação.
Quis ele que nenhum seguimento da nossa nação fosse excluída, do básico para uma vida digna, das famílias brasileiras, com uma preocupação principalmente pelas famílias menos favorecidas, e também muitas preocupação demonstra ele pelos que estão classificados como miseráveis.
Uma maneira impressionante, de se fazer isso é ir diretamente onde estava se formando o futuro das instituições de nosso país.
Essa carta mostra que, mesmo em uma ocasião tão festiva, a espaço para se cuidar de quem, passaria a lidar diretamente, com a coletividade e suas necessidades. Tais bacharéis viriam, possivelmente a serem políticos legisladores do destino de nosso país, e o nobre Jurista não perdeu oportunidade de “plantar” a preciosa semente naqueles corações férteis, e mentes abertas. Tentou ele fazer a parte dele até o fim, esperando que sua esperança naqueles bacharéis não fosse em vão, pois caso contrario, tal responsabilidade teria que ser, ou, continuar a ser assumida por quem menos tem condições de assumir.



“Encarai, jovens colegas meus, nessas duas estradas, que se vos patenteiam. Tomai a que vos indicarem vossos pressentimentos, gostos e explorações, no campo dessas nobres disciplinas, com que lida a ciência das leis e a distribuição da justiça. Abraçai a que vos sentirdes indicada pelo conhecimento de vós mesmos. Mas não primeiro que hajais buscado na experiência de outrem um pouco da que vos é mister, e que ainda não tendes, para eleger a melhor derrota, entre as duas que se oferecem à carta de idoneidade, hoje obtida.”
Para tentar alcançar algum êxito nesse intento, o nobre faz um apelo veemente, para que os bacharéis lhes dessem ouvidos. Ele chaga a se colocar no lugar paternal, para demonstrar-lhes a tamanha importância de levar a serio o nosso o vosso oficio, que a partir de então começariam a desempenhar, e tal oficio é para toda a vida, e lembra: Todo pai é conselheiro natural. Todos os pais aconselham, se bem que nem todos possam jurar pelo valor dos seus conselhos. Os meus serão os a que me julgo obrigado, na situação em que momentaneamente estou, pelo vosso arbítrio, de pai espiritual dos meus afilhados em letras, nesta solenidade.
Conclusão

Apontado por unanimidade no meio acadêmico como um texto clássico da cultura brasileira, Oração aos Moços voltou às livrarias em nova edição. Prefaciado pelo jurista, professor e ex-ministro da Justiça, Dr. Miguel Real Júnior. O livro recoloca em discussão aquele que é apontado por todos como o legado de Rui Barbosa às novas gerações.

Com a saúde debilitada, Dr. Rui Barbosa aproveitou o convite para ser paraninfo dos formandos da turma de 1920 da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e fez um balanço de suas atividades como advogado, jornalista e ativo participante na vida pública brasileira: combateu a escravidão, lutou pelo fim da Monarquia e a proclamação da República, foi quatros vezes candidato derrotado à Presidência, e representou o Brasil na célebre Conferência de Haia, na Holanda.

Impedido pelos médicos de comparecer à cerimônia nas Arcadas, escolheu, então, o professor Reinaldo Porchat para ler o discurso, cuja leitura foi interrompida inúmera vezes pelos aplausos entusiasmados dos estudantes. Era a consagração de Oração aos Moços, uma obra que até hoje tem gerado inúmeros estudos.

Sua importância está ressaltada no prefácio de Miguel Reale Júnior: “A palavra dos homens de inteligência e dedicados a causas de interesse de todos e da Nação jamais deixa de ser atual. Mas, no caso da “Oração aos Moços”, a sua atualidade chega a ser surpreendente, tornando-se obrigatório ao moço de hoje, da sociedade eletrônica, da internet, meditar sobre os conselhos que brotam seguidamente do texto”.

Discutindo valores, posturas, princípios, Oração aos Moços torna-se ainda mais atual quando aborda a ética e conclama pela justa aplicação da lei: ”... o direito dos mais miseráveis dos homens, o direito do mendigo, do escravo, do criminoso, não é menos sagrado, perante a justiça, que o do mais alto dos poderes. Antes, com os mais miseráveis é que a justiça deve ser mais atenta”.

Aspectos Jurídicos:

A constituição de 1988 garante a todos os brasileiros, um salário mínimo que garante aos cidadãos: moradia, saúde, escola, segurança, alimentação e lazer. Isso porem só acontece na teoria, pois na pratica não é nada disso que ocorre.
Já na época da escrita desta carta, o escritor mencionava a necessidade de se cuidar dos menos favorecidos. Essa incumbência esta cada vez mais nas mãos das novas gerações, pois esse Direito não tem sido respeitado pelo Estado. Nem tão pouco o sistema jurídico brasileiro tem se mostrado capaz de fazer nossa carta magna, funcionar nesse sentido.

A Luta pelo Direito.






Resenha:

A Luta Pelo Direito é a obra básica do jurista positivista alemão Rudolf von Ihering, resultante de uma palestra que proferiu na primavera do ano de 1882, na sociedade juridica de Viena, Austria, onde defendia que a paz (social, individual e entre nações) é o fim último do homem, e somente pode ser obtida através da luta, uma Luta pelo Direito.
Nesta ocasião ele expõe suas então novas idéias sobre a Ciência do Direito e seu papel na sociedade. Em um mundo, em que as possibilidades de um conflito armado, eram tão reais, quanto a ar que respirava-se, tinha ele esperança que de alguma maneira, sua obra pudesse contribuir, para que o homem encontrasse, uma maneira de resolver seus conflito, interno e externo, atravez da observancia da lei, e da obediencia das mesmas. Acreditava que todos tinham que lutar pelos seus direitos, e defende-los.
Assim, toda sua vida Ihering trabalhou no desenvolvimento de sua tese básica, constante de um dos capítulos do "Espírito do Direito Romano”, na qual Ihering, afastando-se das teorias geralmente admitidas, desde Hegel, segundo as quais a substância do Direito consiste na vontade, estabeleceu que os direitos nada mais são do que decorrentes de uma noção de utilidade ou de interesse juridicamente protegido. Daí, Ihering partiu para uma tese nova, mais abrangente, pertinente à finalidade da ordem jurídica, aplicando ao Direito a teoria da evolução.

Rudolf von Ihering trabalhou toda sua vida nessa obra, inacabada, na tentativa de provar que o objetivo cria todo o direito e que não existe um só princípio jurídico que não deva sua origem a um objetivo, isto é, a um motivo prático.

Mas é com "A Luta pelo Direito", no original "Der Zweck im Recht", considerada por Laveleye a "Bíblia da Humanidade Civilizada", que Ihering desenvolve uma das teses fundamentais do positivismo jurídico e esculpi definitivamente seu nome dentre aqueles que mais contribuíram para a construção do arcabouço jus filosófico moderno.
Fim de introdução.

"A Luta pelo Direito", antes de ser revista e publicada, foi originariamente resultado de uma conferência proferida por Rudolph Von Ihering, na primavera do ano de 1882, na Sociedade Jurídica de Viena.

O próprio autor não a considerava uma tese de pura teoria jurídica, mas uma tese de moral prática, destinada principalmente a despertar nos espíritos essa disposição moral que deve constituir a força suprema do Direito: a manifestação corajosa e firme do sentimento jurídico.

Acreditava Ihering que o sucesso de sua tese, com as sucessivas reedições de seu trabalho, era devido à convicção dominante no grande público da exatidão da idéia fundamental, que era para ele tão incontestavelmente justa e irrefutável, que consideraria perdido o tempo que porventura gastasse a defendê-la contra aqueles que a combatem.

Rudolf von Ihering não considerava nova sua tese. Cita, por isso, Kant: "Aquele que anda de rastos como um verme nunca deverá queixar-se de que foi calcado aos pés", para finalizar considerando que essa idéia, cerne de seu trabalho, está escrita e enunciada de mil maneiras no coração de todos os indivíduos e de todos os povos enérgicos e que seu único mérito pessoal consiste em tê-la estabelecido sistematicamente e desenvolvido com rigorosa exatidão.
Finalmente, antes de iniciar o desenvolvimento de sua tese, Ihering faz um duplo pedido a seus leitores: o primeiro, no sentido de que não procurem desnaturar suas idéias, para criticá-las, porque seu trabalho não significa a defesa da discórdia, dos pleitos, do espírito questionador e demandista, mas apenas repele a indigna tolerância da injustiça, que é o efeito da covardia, da indolência, do amor ao descanso; o segundo o de que ou o leitor concorde com suas idéias, ou não se limite tão-somente a desaprovar e negar sem ter uma opinião própria, que possa resolver o dilema de qual deve ser a atitude de alguém que tenha seu direito calcado aos pés. Afirma assim Ihering que aquele que puder opor à sua resposta uma outra solução defensável, isto é, conciliável com a manutenção da ordem jurídica e com a idéia da personalidade, tê-lo-á batido.

Hoje podemos afirmar que esse duplo pedido foi certamente diversas vezes desatendido, mas é também certo que dificilmente outra solução poderá ser mais apropriada que a brilhantemente exposta pelo ilustre jurisconsulto germânico.

Para Ihering, a paz é o fim que o Direito tem em vista e a luta é o meio de que se serve para consegui-lo. A vida do Direito é uma luta: luta dos povos, do Estado, das classes de indivíduos.

Todos os direitos da humanidade foram conquistados através da luta e todas as regras básicas de qualquer ordenamento jurídico, diz o autor, devem ter sido, na sua origem, arrancadas àqueles que a elas se opunham e todo o direito, quer o de um povo, quer o de qualquer particular, faz presumir que se esteja decidido a mantê-lo com firmeza (ou será perdido). Após estar acostumado a ter o direito subjetivo violado o indivíduo já não mais se importa se o direito da coletividade não está sendo cumprido. O indivíduo perde o motivo para lutar, perde a coragem de defender seus direitos.

O Direito não é pura teoria, mas também não é a força bruta e por isso a Justiça sustenta numa das mãos a balança em que pesa o direito e na outra a espada de que se serve para defendê-lo. A espada sem a balança será a força bruta, a dissolução do ordenamento jurídico do Estado pelo regime arbitrário cuja palavra seja a própria norma jurídica; a balança sem a espada será a impotência do Direito, a falência das instituições jurídicas, posto que a norma abstratamente considerada, sem suporte no aparelhamento coercitivo do Estado, não poderá ser aplicada e assim também não constitui uma norma jurídica.

Por isso, Ihering conceituava a ordem jurídica perfeita como sendo aquela na qual a energia com que a justiça aplica a espada seja igual à habilidade com que maneja a balança.

Cada particular é obrigado a defender seu direito e o direito é um trabalho incessante, não apenas do particular, mas de uma nação inteira. A realização da idéia do direito sobre a terra dependerá, assim, da contribuição de todos e todos têm a obrigação de esmagar em toda parte, onde ela se erga, a cabeça da hidra que se chama arbítrio e ilegalidade. Não podemos apenas fruir os benefícios do direito: somos também obrigados a contribuir para sustentar o poder e a autoridade da lei. Em resumo, cada qual é um lutador nato, pelo direito, no interesse da sociedade.

Observa Ihering, em sua conferência, que não se trata, absolutamente, do valor material que o Direito possa representar, mas de seu valor ideal, da energia do sentimento jurídico na sua aplicação especial ao patrimônio e não é a composição do patrimônio, mas a natureza do sentimento jurídico que faz aqui pender a balança.


Agora suponhamos, diz Ihering a seu auditório, em Viena, um austríaco da mesma condição e da mesma fortuna, colocado na mesma situação; como procederá ele? E responde que, segundo sua própria experiência a tal respeito, não haverá dez por cento que sigam o exemplo do inglês, porque os outros temerão os dissabores da questão, o escândalo, as falsas interpretações a que podem expor-se, interpretações, aliás, a que um inglês em Inglaterra não deve recear, mas que também o não inquietam entre nós.

Finalmente, conclui Ihering que no franco que o inglês recusa e que o austríaco paga, há mais do que se crê; há alguma coisa da Inglaterra e da Áustria, há a história secular do seu desenvolvimento político e da sua vida social.

Devemos lembrar, neste ponto, que quando a Argentina ocupou militarmente as ilhas Malvinas, ou Falkland, como os ingleses as denominam, a reação britânica foi tão exagerada do ponto da vista do entendimento argentino e, mesmo do nosso, que todos os jornais noticiaram declarações de autoridades, no sentido de que não haveria razão para uma reação de tal magnitude por parte dos britânicos.

Mas é evidente que, se os ingleses realmente acreditavam que seu direito havia sido postergado e que uma sua possessão fora injustamente (não discutimos o mérito) ocupada pela Argentina, não poderiam medir esforços para sanar o esbulho, não pelo valor material, militar ou estratégico das referidas ilhas, mas pelo fato de que ficaria a Inglaterra desmoralizada e não mais poderia exigir a quem quer que fosse o respeito a seu direito.

Esse o motivo pelo qual se dispuseram os ingleses, no exemplo que estamos aduzindo ao de Ihering, a armar a maior frota naval desde a segunda Guerra Mundial, apenas para recuperar as ilhas Falkland.

A mesma não nos parece ser, infelizmente, a concepção dominante no Brasil. Na época do Governo Jose Sarney, ele através da PGFN baixou norma dispensando o pagamento de todos os débitos fiscais de valor inferior a Cr$12.000,00 (doze mil cruzeiros), tendo sido conseqüentemente arquivados cerca de 350.000 processos, o que apresentou considerável economia para o Fisco.
O Procurador-Geral da Fazenda Nacional (1979 a 1991), nos governos de: João Baptista Figueiredo ao governo de: Fernando Collor de Melo, (inicio) Cid Heráclito Queiroz, justificou a medida dizendo que o total dos tributos que assim foram dispensados é inferior a 1,5% do total dos créditos tributários existentes e que a economia processual, estimada em cerca de sete milhões de atos e documentos, havia sido considerada para essa decisão.

Ora, é indubitável que essa atitude, por parte do Governo, simplesmente dispensando o pagamento dos tributos pela consideração primária de que sua cobrança não seria de interesse imediato para o Estado, não pode ser defendida, de forma alguma, em face da doutrina de Ihering, porque se hoje o Estado não exige o cumprimento das obrigações jurídicas, por parte de cada contribuinte, dispensando-os graciosamente sob essa absurda alegação, amanhã não terá também qualquer autoridade moral para exigir o pagamento dos tributos por parte de todo e qualquer contribuinte e todos poderão, talvez, deixar de pagar seus tributos em dia, na esperança de que, mais cedo ou mais tarde, o Estado será obrigado a desistir de gastar dinheiro tentando cobrar esses tributos e resolverá, finalmente, dispensar o pagamento de todos esses débitos.

As idéias de Ihering são como vemos, da maior atualidade, porque ferem exatamente o cerne da questão jurídico-filosófica, e da opção que a respeito delas demonstrarmos dependerá a feição de nosso ordenamento jurídico.

A luta pelo direito é, para Ihering, um dever do interessado para consigo próprio e nós aduziríamos que também no âmbito das ações do Governo a luta pelo direito e o respeito às normas jurídicas são fundamentais, posto que se o Estado, como no exemplo proposto, não defende seu direito (e que pertence, em última análise, a cada um de nós, a cada um daqueles que pagaram seus impostos em dia e que foram indiretamente prejudicados pela medida), também verá que o mesmo lhe será negado e calcado aos pés de outrem.

As lutas pela existência, de leis supremas de toda a criação animada manifestam-se em toda criatura sob a forma de instinto da conservação, mas o homem sem o direito desce ao nível do animal, segundo Ihering, porque o homem não tem somente sua vida física, mas conjuntamente sua existência moral, que dependerá da defesa do direito. No seu direito, o homem possui e defende a condição da sua existência moral.

Em relação ao Estado, afirma ainda Ihering que a manutenção da ordem jurídica não é senão uma luta incessante contra a anarquia que o ataca, considerando incontestada essa verdade no tocante à realização do direito por parte do Estado, dispensando, conseqüentemente, mais ampla demonstração.

Quanto ao nascimento ou à origem do Direito, Ihering contesta a opinião que, segundo ele, gozava, pelo menos na ciência romanista, de um crédito geral, e cujos principais partidários eram Savigny e Puchta, de acordo com a qual a formação do direito faz-se tão sutilmente, tão livre de dificuldades como a formação da linguagem; não exige esforço, nem luta, nem sequer elucubrações - é a força tranqüilamente ativa da verdade que sem esforço violento, lenta mas seguramente, segue seu curso; é o poder da convicção à qual se submetem as almas e que elas exprimem pelos seus atos.

Essa era a concepção que Ihering tinha a respeito da origem do direito, quando saiu da Universidade e sob a influência dessa doutrina ficou, durante vários anos. Em sua conferência, ele se pergunta: é ela verdadeira?
E prossegue examinando sua tese e comprovando brilhantemente a doutrina do interesse, sustentando que o direito em seu movimento histórico apresenta-nos um quadro de elucubrações, de combates, de lutas, numa palavra, de penosos esforços.

Para Ihering, muitas vezes não é fácil alterar uma determinada norma jurídica, porque com o decorrer do tempo os interesses de milhares de indivíduos e de classes inteiras prendem-se ao direito existente de maneira tal, que este não poderá nunca ser abolido sem os irritar fortemente. Discutir a disposição ou a instituição do direito é declarar guerra a todos estes interesses, é arrancar um pólipo que está preso por mil braços. Pela ação natural do instinto de conservação, toda tentativa deste gênero provoca a mais viva resistência dos interesses ameaçados. Daí uma luta na qual, como em todas as lutas, não é o peso das razões, mas o poder relativo das forças postas em presença que faz pender a balança e que produz freqüentemente resultado igual ao do paralelogramo das forças, isto é, um desvio da linha direita no sentido da diagonal.

O Direito será assim, para Ihering como para Ferdinand Lassalle ("Que é uma Constituição?"- Über Verfassungswesen), a conseqüência direta e inelutável dos fatores reais do Poder, que se manifestam dentro da sociedade , distinguindo ainda Lassalle o Direito real, isto é, aquele que se conforma com essa realidade sociológica, do Direito escrito, que pode às vezes estar em desacordo com essa mesma realidade.

Para Ihering, somente a força de resistência dos interesses é que pode justificar o fato de que muitas vezes, determinadas instituições jurídicas condenadas pela opinião pública ou pelo sentimento jurídico de um determinado povo, conseguem sobreviver muito tempo, porque o que as mantém em vigor não é a força de inércia da História, mas a força de resistência dos interesses defendendo a sua posse.

O cerne da teoria defendida por Ihering no opúsculo que ora examinamos não constitui novidade absoluta: Trasimaco já enunciara a doutrina do interesse, na Antiguidade Clássica, assim como inúmeros outros autores e Ihering tiveram neste ponto continuadores entusiastas. Mas o mérito de Ihering consistiu na defesa sistemática que desenvolveu de sua tese, bem como do brilhantismo de sua argumentação, que dificilmente poderá ser contestada com sucesso.

A Luta pelo direito é assim, para Ihering, o signo característico da vida jurídica, posto que o covarde abandono do direito pode, às vezes, salvar até mesmo a vida daquele que se recusa a defendê-lo, mas trará como conseqüência inelutável a ruína de todo o ordenamento jurídico, a falência do Direito. Assim, se esse covarde abandono ocorre a nível nacional e o arbítrio e a ilegalidade se aventuram audaciosamente a levantar a cabeça, isso é sempre um sinal certo de que aqueles que tinham por missão defender a lei não cumpriram seu dever.

Rudolf von Ihering contrapõe assim ao interesse particular o interesse geral, afirmando que quem defende seu direito, defende também na esfera estreita desse direito, todo o Direito, porque o interesse e as conseqüências de seu ato dilatam-se para muito além da sua própria pessoa. O interesse geral a que então se liga não é somente o interesse ideal de defender a autoridade e a majestade da lei, mas é o interesse muito real, muito prático, que em todos se manifesta e todos também compreendem, mesmo aqueles que daquele primeiro interesse não têm o menor conhecimento, de que a ordem estabelecida na sociedade, na qual cada um pela sua parte é interessado, seja assegurada e mantida.

Cada qual é, assim, um lutador nato, pelo Direito, no interesse da sociedade. O elemento da luta que Herbart quer eliminar do Direito, afirma Ihering que é, pelo contrário, o mais primordial e aquele que lhe é sempre imanente - a luta é o trabalho eterno do direito. Sem luta não há direito, como sem trabalho não há propriedade.

À máxima: ganharás o pão com o suor do teu rosto, corresponde com tanta mais verdade esta outra: só na luta encontrarás o teu direito. Finalizando sua obra, Ihering afirma que desde o momento em que o direito renuncie a apoiar-se na luta, abandona-se a si próprio, porque bem se lhe podem aplicar estas palavras do poeta (Goethe, Fausto):

“Tal é a conclusão aceite atualmente”:
Só deve merecer a liberdade e a vida
“Quem para conservá-las luta constantemente”.

A importância da obra de Ihering é, certamente, incompatível com os limites deste trabalho e com as limitações de seu autor, mas acreditamos ter correspondido razoavelmente ao que de nós se esperava em relação à elaboração deste ensaio curricular, malgrado talvez a falta de método expositivo e de sistematização que possa ser apontada em nosso trabalho, posto que defeito semelhante nada conseguisse subtrair do brilhantismo do de Ihering.
Mas se cada um começar a lutar individualmente, certamente começara a prevalecer à lei-do-mais-forte, pois a luta sugerida por ele, esta situada quase que totalmente na defesa pessoal que cada cidadão tem de fazer. Defender a vida honra moral propriedades, família, e outros. De acordo com o autor basta cada um lutar para garantir seus próprios direitos, que estará assim cuidando dos direitos da coletividade.
Não pensar desse jeito, não consigo me ver lutando por interesses alheios. Pra mim a defesa deve ser feita por cada um, e coletivamente se possível ao mesmo tempo. Caso contrario, apenas aqueles que lutarem ficarão satisfeitos. Alem do mais, como podemos observar atualmente, direito individual, como propõe o autor, os indivíduos mais bem dotados financeiramente os mais inteligentes, os graduados, em fim os melhores preparados, conseguirão para si ter “todos” os direitos.
Seria perfeito, se não vivêssemos em uma sociedade desigual; se não fosse às diversas classes sociais, presentes em todos os meios sociais. Prefiro ver o Direito como conquista da sociedade, e que deve ser para o bem de todos, igualmente. Nada de uns seres mais iguais, que os outros.

Resenha: A Guerra do Fogo




A Guerra do Fogo
Titulo original: La Guerre du Feu
Ano: 1981
Paises: França e Canadá.
Direção: Jean Jacques Annaud.
Com: Everett McGill, Era Dawn Chong, Ron Perlman, Nammeer El Kadi.
Baseado no livro de J.H. Rosny.



Resenha:

Há 80.000 anos atrás no alvorecer da Humanidade, o Homem pré-histórico sabia conservar o fogo oferecido pelos acasos da natureza, mas não criá-lo artificialmente. Nesta época cruel, o fogo assegurava a sobrevivência da espécie. Os nossos ancestrais ajuntavam-se em torno do fogo e o protegia com a própria vida, pois quem ó tinha, tinha vida. É assim que começa este filme, com o diretor deixando claro desde o inicio qual é sua intenção. Um ponto de vista muito bom, a meu ver, a respeito desse tema que tem levantado milhões de teorias em todo o mundo. Já se falou de tudo, já se mostrou de tudo, porém tais pontos de vistas, sempre esbarram em um detalhe: a falta de provas concretas. Com tal pensamento em mente é que se deve ver e analisar essa película. De uma coisa podemos estar certos, esse ponto de vista é extremamente profissional, poderia sim, fazer todo sentido.


Para quem tem curiosidade sobre o ponto de vista cientifico sobre: de onde viemos? Para onde vamos? Como chegamos aqui? etc. tem neste filme um ótimo ponto de vista sobre tal assunto. tudo se passa a oitenta mil anos atrás quando os homens em pleno processo de evolução, gozando dos benefícios de ser bípede consegue por um acaso da natureza, ter o fogo como aliado no seu dia-a-dia. Rapidamente ele descobre os benefícios que tal descoberta lhe confere, e tenta manter esta conquista a qualquer preço. Foi o que aconteceu com um grupo desses selvagens que ainda morando em uma caverna dispõe desse maravilhoso conforto, o fogo era visto como a mais poderosa arma contra o frio congelante, numa época em que eles ainda viviam semi-nus tal conquista tinha de ser mantida a qualquer custo.
Porem tudo que é bom é cobiçado e os outros também queriam gozar desse conforto, e o cobiçava dia e noite. Tudo isso é mostrado com uma riqueza de detalhes impressionantes os movimentos dos tais deixa a impressão que o medo esta presente por todos os lados e os personagens conseguiram mostrar isso de uma forma extremamente clara, graças à competência do etnólogo Desmond Morris, que é o responsável pela linguagem corporal, pelos gestos dos homens.
Derrepente um ataque de uma tribo Homo Neanderthalensis rival apaga sua chama primordial, três membros saem em uma jornada para conseguir outra chama e realimentar seu fogo perdido. Durante a jornada, os três entram em contato com o Homo Sapiens, ao salvar um espécime das mãos de uma tribo Homo Neanderthalensis antropófaga. Do contato com estes espécimes e com sua tribo, mais avançados tecnologicamente, são expostos a diversos conhecimentos novos, principalmente a arte de produzir fogo.
Com roteiro enxuto do francês Gérard Brach, apoio de diversos consultores renomados como Anthony Burgess para criar a linguagem verbal, Desmond Morris para criar a linguagem corporal, somado a obscuridade especulativa da Pré-História, o filme de Jean-Jacques Annaud se apresenta como um dos retratos mais fiéis da vida no Paleolítico. Dramatúrgicamente é uma profusão de simbologias sobre o despertar da razão, das relações humanas e do amor.
Durante a jornada os indivíduos da tribo menos avançada entram em contato com uma tribo mais avançada e são expostos a diversos conhecimentos novos, como: pintura corporal, lançadores de flecha, cerâmica, ervas medicinais, construção de cabanas e, principalmente, a arte de produzir fogo por atrito. Da convivência com Ika, da tribo avançada dos Ivaka, os espécimes Noah, Gaw e Amoukar, dos Ulam, aprendem também saberes não-práticos, como a risada e o amor.
Desde uma perspectiva filosófica observamos que ao dominar uma arte, conhecimento, saber prático ou técnica para produzir fogo, o herói Noah domina também este elemento da natureza, se libertando da dependência de um fenômeno natural para provê-lo. Agora ele manipula os elementos naturais para criar algo.
Ao final da narrativa, acariciando o ventre fecundo de sua amada e observando a lua, Noah parece haver despertado o poder da contemplação, a virtude necessária para desenvolver saberem contemplativos ou teóricos. A contemplação de Noah o destina para a faculdade da razão.
Ao findar da jornada, o herói Noah agora possui algo que o difere dos outros animais, dos outros primatas. Ele possui algo que o que o define humano.


No filme também observa-se uns sons como que uma espécie de linguagem, o diretor Jean Jacques Annaud, tenta sugerir um tipo de pré-linguagem. Assim como o homem que era homo-sapiens e agora bípede, fazia uso das mãos para diversos tipos de atividade, começava a sentir uma maior necessidade de usar a voz de maneira mais aproveitável. Não que eles não se comunicavam, eles emitiam uns grunhidos, gritos bem parecidos com algum idioma, mas como tudo na vida evolui... com a evolução biológica do homem, chega a ser quase que natural o surgimento de um tipo de articulação vocal, cada vez mais nítida e eficiente, para o desenvolvimento dos tais.

Dois grupos de hominídeos pré-históricos têm acesso ao fogo. Um adorava o fogo e o protegia como se fosse algo sagrado. Enquanto que o outro dominava a tecnologia de criar o fogo. Desse encontro vários sentimentos são percebidos, como a necessidade afetiva, o desejo de se ter alguém do sexo oposto do lado, como companheira para a vida toda.

As cenas desse relacionamento mostram também a necessidade que o ser humano tem de aprender, uns com os outros, como quando a mulher do outro grupo, mostra a seu possível rival como se faz fogo.

É uma cena belíssima, do ponto de vista pedagógico, da convivência heterogênea, há que todos nos estamos destinados. O segundo grupo bem mais desenvolvido além, de dominar a tecnologia de criar o fogo, também se mostra mais inteligentes do que o primeiro.

Seus instrumentos de caça e de guerra são bem mais sofisticados do que meros pedaços de paus, um tipo de lança bem rudimentar, do primeiro grupo. Também seus sons se parecem bem mais definidos, tornando sua comunicação visivelmente mais desenvolvida, possibilitado que eles expressem sentimentos tais como dor, raiva, prazer, medo, e sobrevivência da espécie. Também parecem terem algum tipo de cultura, ao demonstrarem um tipo de ritual e se organizarem em um tipo de moradia construída, um tipo de casa. Isso demonstra um maior grau de desenvolvimento intelectual, do que o primeiro grupo.

Muitas preciosas lições se podem tirar deste ponto-de-vista, mesmo que não seja possível dar credito a cem por cento do que se percebe, alias isso ninguém pode, da pra perceber o modus operandi do ser humano, veja que a natureza machista do homem, o acompanha desde que ele começou a viver em sociedade.
É uma pena que pouquíssimas vezes o cinema tenha abordado a Pré-História em seus enredos. Uma época tão pouco explorada e semi-desconhecida merecia mais atenção da sétima arte. Ainda bem que em 1981 Jean-Jacques Annaud dirigiu este `A Guerra do Fogo`, o filme definitivo sobre a pré-história, que se mostra um estudo complexo e instigante sobre o comportamento e a linguagem dos ancestrais humanos.
Baseado na obra do escritor J. H. Rosny Sr., o roteirista Gérard Brach
se juntou à Annaud (diretor de `Em Nome da Rosa` e `Círculo de Fogo`) para levar às telas este pequeno épico que tem como tema principal a descoberta do fogo.
Aos mais desatentos: é óbvio que por se passar na pré-história, o filme não apresenta uma linha sequer de diálogos. Toda a história é
movimentada somente pelas ações dos personagens e pela linguagem corporal dos mesmos.
Há 80 mil anos atrás, uma tribo de ancestrais humanos que depende do fogo para proteção e aquecimento acidentalmente tem seu chama extinta. Assim, 3 membros da tribo se separam do restante do grupo e partem em busca de uma nova chama. No caminho eles passam pelos mais variados problemas e parecem ganhar mais consciência e razão à cada novo obstáculo superado. Há inclusive o envolvimento de um deles com uma fêmea de outro bando.
Os atores que interpretam os primatas dão shows de atuações. A linguagem corporal das tribos, desenvolvida por Desmond Morris, é a única ferramenta da qual os atores dispõem para se expressarem. O resultado é altamente verossímel e digno de aplausos. Um trabalho tão competente quanto o visto no início de `2001 - Uma Odisséia no Espaço`.
“A Guerra do Fogo” é quase um documentário de antropologia. Apesar de haver uma história concreta e bem-estruturada, Annaud também abre espaço para o estudo do comportamento dos homens pré-históricos. São notáveis, por exemplo, as diferenças entre as 2 tribos principais. Uma parece ter uma linguagem oral mais desenvolvida, com sons mais articulados, além de dominar a criação do fogo. A outra é marcada por seus grunhidos e gritos e pela ignorância com relação as técnicas de criação do fogo.
São notáveis também a violência e a hostilidade existente entre uma tribo e seus inimigos e a curiosidade com relação ao sexo, que é mais acentuada na tribo mais desenvolvida. Não se sinta estranho se você perceber que, mesmo após 80 mil anos, pouca coisa mudou.
O filme também acerta ao mostrar os membros da tribo menos complexa adquirindo conhecimento e razão com o passar do tempo. No final, inclusive, há até uma cena que sugere a “descoberta do amor” entre um macho e uma fêmea. Além de tudo isso, o filme de Annaud também permite várias analogias com o mundo atual, mas só vendo mesmo para se tirar alguma conclusão.
Sem dúvida, “A Guerra do Fogo” é um filme original e peculiar, que merece ser visto por aqueles que estiverem afim de ver algo realmente diferente de tudo o que já foi feito no cinema.
Embora o filme se concentre em torno da descoberta do fogo, não se limita a apresentar enfaticamente somente esse aspecto. Nesse sentido é indubitável dizer, portanto, que é ele uma forma imprescindível de sugestão para uma possível analise da relação que se processa entre o ser e o meio.
Tratando-se, por sua natureza, de dois grupos hominídeos distintos,m fica evidente que embora havendo um certo desenvolvimento mais avançado para o tratamento do fogo – pois um dos grupos citados dominava a a técnica de o fazer e o outro cultuava-o desencadeando um intenso conflito para a sua aquisição – não havia o que erroneamente se chama de superioridade cultural de um com relação ao outro.
O que havia de fato eram, em absoluto, formas culturais diferentes num processo vivo de desenvolvimento. No que se refere à linguagem, por exemplo, é perfeitamente visível a emissão de gritos e grunhidos vocálicos tanto de um grupo quanto do outro, com maior destaque para o primeiro uma vez que usava uma articulação mais ostensiva. As construções de moradias e a manifestação de ritos podem seguir essa mesma evidenciação.
De qualquer forma, é a partir de um processo de desenvolvimento vocálico e gestual que começou a fortalecer uma comunicação mais plena em sua circunstancias próprias no interior de cada grupo.
Outro aspecto no filme que deve ter um merecido destaque e que para muitos serve de ponto de partida é um sentimento amoroso e, sobretudo, o espanto presente na aquisição do saber.
O filme “a Guerra do Fogo” é, portanto, imprescindível para que possamos entender e a partir disso cogitar sobre as formas mais antigas de um processo evolutivo presente na historia do ser humano.

Embora o filme se concentre em torno da descoberta do fogo não se limita em apresentar enfaticamente somente esse aspecto. Nesse sentido é indubitável dizer, portanto, que é ele uma forma imprescindível de sugestão para uma possível análise da relação que se processa entre o ser e o meio.
Tratando-se, por sua natureza, de dois grupos hominídeos distintos, fica evidente que embora havendo certo desenvolvimento mais avançado para o tratamento do fogo – pois um dos grupos citados dominava a técnica de fazê-lo e o outro o cultuava desencadeando um intenso conflito para a sua aquisição não havia o que erroneamente se chama de superioridade cultural de um com relação ao outro. O que havia de fato eram, em absoluto, formas culturais diferentes num processo vivo de desenvolvimento. No que se refere à linguagem, por exemplo, é perfeitamente visível a emissão de gritos e grunhidos vocálicos tanto de um grupo quanto do outro, com maior destaque para o primeiro uma vez que usava uma articulação mais ostensiva. As construções de moradias e a manifestação de ritos podem seguir essa mesma evidencia. De qualquer forma, é a partir de um processo de desenvolvimento vocálico e gestual que começou a fortalecer uma comunicação mais plena em suas circunstancias próprias no interior de cada grupo. Outro aspecto no filme que deve ter um merecido destaque e que para muitos serve de ponto de partida é um sentimento amoroso e, sobretudo, o espanto presente na aquisição do saber. O filme “A Guerra do Fogo” é, portanto, imprescindível para que possamos entender e a partir disso cogitar sobre as formas mais antigas de um processo evolutivo presente na história do ser humano.

A Cidade Antiga - Primeiro


A Cidade Antiga
Autor: Fustel de Colanges
Livro primeiro


Resenha:

Introdução:
I. Crenças sobre a alma e sobre a morte.
As idéias, regimes, modo de viver, de pensar do ser humano sempre girou em torno desse tema. As analises do homem a respeito de sua natureza, alma e o mistério da morte, sempre apontaram mais de um caminho, por isso, todas as varias crenças, a respeito desse assunto, eram levadas a serio.
As varias crendices sobre esse assunto, eram tratadas com tanta seriedade, que a sociedade, davam mais importância, para a vida, após a morte. Até onde nos é dado remontar na historia da raça indo-européia, de onde se originaram as populações gregas e italianas, observamos que essa raça jamais acreditou que, depois desta nossa breve existência, tudo terminasse com a morte do homem.
As gerações mais antigas, bem antes que existissem filósofos, já acreditavam em uma segunda existência para além desta nossa vida terrena. Para os Gregos e Romanos, a alma passaria a segunda existência junto dos seres humanos, continuando assim, a viver aqui mesmo na terra com todos os seres vivos, acreditava-se, e por muito tempo, que esta segunda existência da alma continuava com um corpo mesmo com a morte, e os procedimentos de praxe, pois, eram tomados.
Essas crendices por mais remotas que sejam, delas permanecem o testemunhos autênticos como os ritos fúnebres, que nos ajuda a compreender melhor. Os procedimentos fúnebres mostravam claramente, como eles acreditava que as pessoas teriam que sobreviver debaixo da terra, por isso enterrava juntos com o morto, uma serie de objetos que o próprio morto tinha determinado; objetos tais como: comida, bebida armas, vasos roupas, bem como meio de transporte, como cavalo, por exemplo. Chegavam ate a sacrificar escravos para servi-los no pos-morte. Tal fato mostra-nos o quanto era comprometido com essa crença, inclusive os nobres da época.
Desta crendice primaria, surgiu a necessidade de sepultamento, pois acreditava que a alma sem uma sepultura tornava-se perversa, atormentando os vivos com aparições, provocando doenças, advertindo os que tanto seu corpo como ela própria desejava uma sepultura. Daí vem à crença da alma do outro mundo, e o povo antigo passou a creditar que só com o sepultamento conseguiria a felicidade para todo sempre. Não bastava somente enterrar o corpo, era necessário obedecer alguns ritos tradicionais e formulas das cerimônias fúnebres, algumas eram capazes de evocar as almas fazendo-as sair por alguns instantes do sepulcro.
Ao término da cerimônia fúnebre, havia o costume de chamar três vezes a alma do morto pelo nome que ele havia usado em vida, desejando-lhe vida feliz debaixo da terra. Dizia-se lhe por três vezes: Passe bem. E acrescentava-se: ”que a terra te seja leve”, em uma demonstração de quanto se acreditava que o mesmo ser continuaria a viver debaixo da terra e lá conservando a habitual sensação de bem estar ou de sofrimento. No tumulo escrevia-se que o defunto ali repousava: afirmação essa que sobreviveu às próprias crenças e que, atravessando os séculos, chegou até nossos dias.
Temia-se menos a morte do que a privação da sepultura, pois desta dependia a felicidade eterna. Eram comuns os atenienses matarem seus generais, que não recolhia os corpos dos soldados mortos após uma batalha, mesmo que essa batalha tenha sido vitoriosa.
Havia também entre os antigos quem acreditava na existência de um lugar subterrâneo, bem maior do que túmulo, onde as almas se desprendiam do corpo, sendo as penas e recompensas, distribuídas conforme a conduta que tivera durante a vida.
Alguns rituais mais antigos diferenciavam-se dos outros, um deles é a convicção de que a corpo não se separava da alma e permanecia aonde fossem enterrados, e nada tinham a prestar conta de sua vida anterior, o que nos mostra a sua noção de vida vindoura. A havia também uma celebração, um tipo de comemoração, aonde as famílias colocavam diversos tipos de comidas sobre o tumulo, e anunciavam dizeres que invocava o defunto, para participar das comemorações. Plutarco conta como, depois da batalha de platéias, tendo os guerreiros mortos sido enterrados no local de combate, os plateanos se comprometeram a oferecer-lhes todos os anos o banquete fúnebre.
Os alimentos que eram oferecidos aos mortos, não podiam ser tocados por outros, pois eram alimentos destinados as necessidades dos defuntos. Pode parecer que isso é um absurdo, porem para aquela época, esses rituais e essas maneiras de pensar, eram levadas muito a serio. Para nos tais praticas e crendice, podem parecer estupidez ou idiotice, mas para eles não. Tais crenças tinham extrema importância e influencia, na vida do homem primitivo.
Vale lembrar que nessa época não havia ainda, acontecido o advento da vinda de Jesus Cristo. E todas as conseqüências desta, como por exemplo, o trabalho de missionários, que sem entrar no mérito da questão, trouxe um tipo de libertação psicologia, para a humanidade, pois no cristianismo, como se sabe o que se prega é a morte como um acontecimento, definitivo no que tange a comunicação, contato, ficando claro que necessidades tais como: comer, beber, vestir, segurança, são exclusivas dos seres humanos vivos. Assim sendo pode-se afirmar que tais praticas, foram aos poucos abandonadas devido a presença, de ensinos religiosos, que de certa forma, combatiam essas praticas, levando as pessoas, pouco a pouco a mudarem de opinião, e começarem a duvidar, dessas crenças, que eram passadas de pais para filhos, de maneira bem rigorosa.
A felicidade das pessoas, estava baseada na eficácia desses ensinamentos, aos mais novos, já que todos acreditavam que é com a morte, que começa a verdadeira vida eterna.
II. O Culto dos Mortos
Desde tempos mais remotos, essas crenças deram lugar a normas de conduta. Uma vez que o morto necessitava de alimentos e bebida, pensou-se ser dever dos vivos satisfazer-lhe essa necessidade. O cuidado de levar aos mortos os alimentos não foi deixado ao sabor do capricho ou dos sentimentos mutáveis dos homens; foi obrigatório. Desse modo se estabeleceu uma verdadeira religião da morte, cujos dogmas cedo desapareceram, perdurando, no entanto, os seus ritos até o triunfo do cristianismo. Essas crenças criaram ao longo dos anos algumas regras, como a de alimentar os mortos. Isso estabeleceu uma verdadeira religião da morte com seus dogmas e rituais que desapareceram com o cristianismo.
Como os mortos eram tratados iguais a criaturas sagradas, os antigos os adoravam como se fossem deuses, tanto mau quanto do bem, suas sepulturas possuía uma inscrição sacramental Dis Manibus. Chamavam os bons, de santos, bem-aventurados. Tinham por eles toda a veneração que o homem pode ter pela divindade a quem ama e teme. No pensar deles, cada morto era um deus.
Essa espécie de apoteose não era privilegio dos grandes homens; entre os mortos não havia distinção de pessoa. A criatura divina como chamava os antigos, permanecia encerrado no seu túmulo, Manesque sepulti, diante da sepultura havia um altar para sacrifícios igual ao que há em frente dos templos dos deuses. O culto dos mortos é encontrado também entre os helenios, latinos, sabinos, etruscos e hindus.
Na Índia encontramos o livro das leis de manu, que nos apresenta como o mais antigo culto praticado pelos homens, ainda hoje os hindus continuam fazendo oferendas aos seus ancestrais, essas idéias e rituais são o que há de mais antigo encontrado na raça indo-européia.
O culto na Índia era o mesmo que na Grécia e na Itália. O hindu deve oferecer à alma dos mortos o alimento denominado sraddha (arroz, leite, raízes...), como no grego encaravam-se os mortos como seres divinos, se deixassem de fazer o sraddha ao morto, sua alma se tornaria errante, atormentando os vivos, trazendo-lhes doenças, enfim enquanto não se restabelecessem os rituais os mortos não voltariam ao túmulo. O morto cultuado desempenha um papel importante na vida das pessoas, ao se encontrar um túmulo parava-se e dizia-se: “Tu, que és um deus sobre a terra, seja-me propício".
Essa religião dos mortos parece ter sido a mais antiga que existiu, antes de adorarem Indra ou Zeus, homem adorou seus mortos, pela primeira vez o homem teve a idéia do sobrenatural, acreditou em coisas que transcendiam, talvez morte foi seu primeiro grande mistério e elevou seu pensamento do visível ao invisível, do humano ao divino.
Os gregos chamavam as almas humanas divinizadas pela morte de demônios, ou heróis. Os latinos apelidavam-lhes lares manes, gênios.
III. O Fogo Sagrado
Toda casa de grego ou romano, abrigava um altar; sobre ele devia ter sempre um pouco de cinzas e brasas. Era obrigação sagrada do dono da casa conservar o fogo aceso dia e noite. Grande desgraça seria para a casa se o fogo se extinguisse! Infeliz daquele que deixasse chama apagar. Ao anoitecer cobria-se com cinza os carvões, para que não se consumisse totalmente, e no dia seguinte a primeira coisa a fazer era acender o fogo. O fogo só deixava de brilhar o altar quando todos da família morressem.
Evidentemente que manter o fogo sobre o altar fazia parte de alguma antiga crença, pois para manter esse fogo acesso não era permitido alimenta-lo com qualquer tipo de madeira, a religião distinguia entre as árvores a que podia ser usada. Num determinado dia do ano, as pessoas apagavam o fogo do altar de suas casa, e acendiam-no no dia seguinte. Para acender o novo fogo devem-se observar alguns ritos, esse deveria ser feito da seguinte forma: encontra-se um ponto onde incida os raios do sol, com dois pedaços de madeira de determinada espécie, fricciona-los até acender o fogo. Para os homens desta época esse fogo não era apenas uma de decoração, eles viam algo mais no fogo que queimara sobre os altares.
Esse fogo possuía algo de divino; eles adoravam-no e prestavam-lhe verdadeiro culto. Ofertavam-lhe tudo quanto julgavam agradar a um deus: flores, frutas, incenso, vinho. Imploravam sua proteção, pois o julgavam poderoso. Dirigiam-lhe preces fervorosas para dele obter os objetos eternamente desejados pelo homem: saúde, riqueza, felicidade; e assim o viam como um deus protetor, forte, que protegia suas casa e famílias, quando na presença de perigo procuravam refugio junto dele.
O fogo do lar era tão importante que Agamenon retornando da guerra de tróia, ia mostrar sua gratidão e alegria ao fogo do lar, os homens quando chegavam em casa, antes mesmo de beijar a mulher ou abraçar seus filhos, parava em frente ao fogo para invoca-lo. A cerimônia era simples, em alguma hora do dia colocavam nele ervas e alguns pedaços de lenha, o fogo lhes aparecia brilhante, ofereciam-lhe sacrifícios, vinho, óleo, incenso e a gordura da vítima, esse era o momento de invocação. A cerimônia sagrada sem dúvida era o meio em que o homem entrava em comunhão com deus, deixaram por muito tempo seus vestígios entre os homens seus ritos e modos de falar que o próprio incrédulo não podia desprezar.
O culto ao fogo sagrado não foi exclusivo dos povos da Grécia e Itália, aparece também no oriente com a religião de Brama, já estabelecida anteriormente às leis de Manu. O culto de brama colocou em segundo plano, embora sem ter conseguido destruí-la. O brâmane tem o dever de manter o fogo aceso dia e noite, e todas as manhãs e todas as noites, oferecerem-lhe lenha e alimento, a refeição aqui também aparece como um ato religioso descrito nas leis de Manu.
Os hindus assim como os gregos e romanos, julgam os deuses como seres que necessitam não só de honras e respeito, mas também bebidas e alimentos. Como na Grécia, os hindus têm o fogo como uma espécie de divindade, através das orações pede-lhe saúde, proteção e riqueza para sua família.
É certo que os hindus gregos e italianos não aprenderam uma com os outros a pratica da religião do fogo, porém eles descendem de uma mesma raça, os árias. Os árias viveram na Ásia central em uma época muito remota, e pela primeira vez se deu origem as crenças, ritos e a religião do fogo sagrado. Daí então as tribos dos árias se separaram trazendo consigo esse culto comum e levando umas para as margens do Ganes e outros para as margens do Mediterrâneo. Mais tarde já sem relações umas com as outras, um adorando Brama e outro adorando Zeus, mas mantiveram como tradição esta religião primitiva.
Quando os povos da Grécia e Itália começaram a representar seus deuses como pessoas e dar forma humana, o culto do fogo sofreu a mesma influência e passou a ser chamado de Vesta, chegou até mesmo ser representado por meio de estátuas, mas não consegui destruir os vestígios da crença primitiva.
O fogo do lar é inteiramente puro, somente podendo ser produzido com determinados ritos e alimentado com determinada espécie de madeira. É verdade também que aquece e coze os alimentos sagrados, mas tem ao mesmo tempo um espírito, uma consciência, dita deveres e vela para que sejam cumpridos. Moralmente possui sentimentos e afetos, concede ao homem a pureza, ordena o bem e o mal, e alimenta a alma. Pode se dizer que mantém a vida humana na dupla sucessão das suas manifestações: representa ao mesmo tempo, a origem da riqueza, da saúde e da virtude. Isto nos leva de volta ao culto dos mortos, estão tão ligados que a crença dos antigos faz deles uma só religião, os antigos quando falavam de seus mortos esses estavam sempre ligados ao fogo, quando falavam do fogo recordavam o nome de seus antepassados.
Existe uma nítida relação entre o culto dos mortos e do fogo sagrado, essa religião antiga que tirava seus deuses do próprio homem, e tinham, como objeto de adoração, o ser invisível que está em nós, a força moral e pensante que anima e governa o nosso corpo.
Essa religião nem sempre foi igualmente poderosa, com a mesma influencia sobre a alma; pouco a pouco se enfraqueceu, mas nunca a ponto de desaparecer inteiramente. Contemporânea das primeiras idades da raça ariana entranha-se tão profundamente no psiquismo dessa raça, que não bastou, para desenraiza – lá, a brilhante religião do Olimpo grego, tendo sido necessário o cristianismo para a vencer.




IV. A Religião Doméstica
Não podemos imaginar essa antiga religião por semelhança com as fundadas mais tarde, em civilização mais avançada. Há muitos séculos o gênero humano só admite uma doutrina religiosa sob duas condições: a primeira, anunciar-lhe um só deus; a segunda, dirigir-se a todos os homens e ser acessível a todos, sem repelir sistematicamente. Mas a religião dos tempos primevos não obdecia a nenhum desses dois requisitos.
O fato da religião do povo antigo não adorar um só deus, e também os deuses não aceitavam a adoração de todos os homens, isso a torna uma religião estritamente doméstica, ou seja, em cada família, tinha-se um deus. E um estranho não podia se chegar perto. Somente o filho poderia oferecer culto ao pai.
O culto dos mortos se assemelha com a dos cristãos católicos romanos, em relação aos santos. O culto aos mortos somente era aceito se feito por um membro da família, a lei proibia qualquer estranho de se aproximar do túmulo, até mesmo tocar o pé mesmo que por descuido. O culto aos mortos representa realmente o culto aos antepassados, tanto na Grécia como na Índia o filho tinha o dever de fazer o culto a seu pai e seus antepassados, o não cumprimento desse dever acarretaria uma série de mortes e destruindo a felicidade. Mas se feito os sacrifícios, os ritos, se os alimentos fossem levados aos túmulos nos dias determinados, então tínhamos no antepassado um deus protetor. A ligação entre os vivos e os mortos era muito forte, unia gerações de uma mesma família constituindo um corpo eternamente inseparável.
Cada família possuía um túmulo onde sepultava os seus mortos, ali celebravam cerimônias, festejavam seus aniversários. Nos tempos mais remotos, o túmulo ficava dentro das casas na parte central não muito próximo a porta, assim toda vez que um membro da família entra-se ou saí-se, deveria fazer-lhes uma invocação. Desta forma os antepassados continuavam fazendo parte da família, tendo sempre o pai como imortal e divino.
É difícil compreendermos como o povo antigo pudesse adorar seu pai e seus antepassados contrários às religiões de hoje. Porém devemos lembrar que os antigos não tinham a idéia da criação, por isso, a adoração que faziam aos seus ancestrais pode representar o mesmo significado do mistério da criação que temos hoje.
Conclusão:
O fogo sagrado era tão ligado na família, que cada família possuía o seu. As cerimônias não eram públicas, era realizada no interior das casas, cada família tinha o seu próprio ritual e jamais o fogo era colocado para fora nem mesmo próximo à porta de saída. Para essa religião doméstica não existam uniformes ou regras comuns, cada família agia com total independência. Nenhum poder externo tinha o direto de interferir nos cultos, apenas o poder externo podia certificar-se de que o pai cumpria com os deveres, mas não podia ordenar nenhuma mudança nas regras da sua religião doméstica. Deste modo as religiões não se manifestavam nos templos, mas sim nas casas, as quais cada uma possuía seus deuses e protegia sua família, isso nasceu naturalmente do espírito humano, tendo sua origem na família. Os ritos e orações passados de pai para filho, caracterizavam que somente o pai tinha poder da reprodução, as mulheres só participavam do culto através de seu marido ou seu pai.
Essa religião só podia propagar-se pela geração. O pai dando a vida a seu filho transmiti-lhe ao mesmo tempo a sua crença, o seu culto, o direito de manter o lar, de oferecer o repasto fúnebre, de pronunciar as fórmulas da oração. A geração estabelecia esse vínculo misterioso entre o filho que nascia para a vida e todos os deuses da família. Esses deuses eram a sua própria família, thèoi enghenéis; eram o seu sangue, thèoi synaimoi. A criança se fazia portadora logo ao nascer, da obrigação de adorá-los e de lhes oferecer os sacrifícios, assim como também, mais tarde, quando a morte a tivesse divinizado, estaria ela própria, por sua vez, contada entre o número dos deuses da família.
Aspectos Jurídicos.
Hoje em dia muito se debate a respeito dos Direitos das Mulheres, e é importante perceber que esse debate, se da devido ao “machismo” que se tornou parte da cultura do Homem.
Nesse livro verifica-se que tal comportamento tem origem remota, e que esse problema atualmente esta tão presente agora, como nos primórdios da humanidade. Pode-se dizer que o problema verificado no nosso dia-a-dia, é bem mais complexo do que se imagina, e que o tal jamais poderá ser resolvido com um arcabouço de leis bem intencionadas, se o problema não for atacado na “raiz”, e essa maldita “raiz” é a falta de educação.

Ementa BioDireito

Ementa de biodireito Professor Emidio.

DISCIPLINA: BIODIREITO


EMENTA: CONHECER O BIODIREITO, SUAS FONTES IMEDIATAS (BIOÉTICA E BIOGENÉTICA), OS ASPECTOS REFERENTES AO MICROBIODIREITO E MACROBIODIREITO, O RESPEITO À DIGNIDADE HUMANA COMO PARADIGMA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, DELIMITANDO QUESTÕES ÉTICO-JURÍDICAS, ABORTO, ESTERILIZAÇÃO HUMANA ARTIFICIAL, SAÚDE FÍSICA E MENTAL, DIREITO SANITÁRIO, AIDS E AS RELAÇÕES COM O DIREITO, TRANSFUSÃO DE SANGUE, TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS HUMANOS, DIREITOS À MORTE DIGNA, EUTANÁSIA, DISTANÁSIA, ORTOTANÁSIA E MISTANÁSIA. EXPERIMENTAÇÃO COM SERES HUMANOS, ENGENHARIA GENÉTICA, CLONAGEM, MANIPULAÇÃO GENÉTICA E SEUS LIMITES, REPRODUÇÃO
ASSISTIDA, NECESSIDADE DE UM NOVO ESTATUTO JURÍDICO-PENAL VOLTADO Á CRIMINALIDADE GENÉTICA, RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE, ERRO MÉDICO NUMA PERSPECTIVA BIOÉTICA E DO DIREITO, COMITÊS DE ÉTICA E PESQUISA. MACROBOÉTICA E MEIO AMBIENTE. ESTUDO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS, A PARTIR DOS CONCEITOS DA CONSTITUIÇÃO, DIREITO
CONSTITUCIONAL E DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS; RELAÇÃO DE FORÇAS INDIVÍDUO
ESTADO.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. Conceito e nascimento do Biodireito
As fontes imediatas do Biodireito (Bioética e Biogenética)
Os elementos da bioética
Princípios fundantes (Beneficência, Não maleficência, Autonomia e Justiça)
Critério da Alteridade
2. Biodireito e a Tecnologia
Bioética, Biodireito e humanismo jurídico
Dignidade e paradigma da ordem jurídica do Estado Democrático de Direito
Dilemas éticos da medicina preditiva
3. Novos paradigmas para o microbiodireito
Microbioética questões ético-jurídicas
Proteção à vida humana
Fontes do Biodireito
Bioética como fonte imediata
Biogenética como segunda fonte imediata
Inviolabilidade constitucional do direito à vida
Tutela civil e penal da vida humana
Princípio do primado da vida humana
Direito ao nascimento
Direito de nascer

4. Aborto e abortamento, a questão da anencefalia
Problemática ético-jurídica do aborto
Abortamento. Conceito e classificação
Incriminação da prática abortiva ao longo da história do direito
Abortamento criminoso
Aborto legal
5. Reprodução Humana artificial e a questão populacional
Direito reprodutivo-sexual, direito à descendência e o planejamento familiar como parâmetros da política
Populacional
Liberdade sexual e escolha de métodos anticoncepcionais
Esterilização humana artificial
Eugenia, esterilização terapêutica, cosmetologia, por motivo
Econômico-social e voluntária
6. AIDS e o direito
Controle da higidez do sangue
Questões éticas jurídicas suscitadas pela AIDS
Proteção jurídica da dignidade dos portadores do vírus da imunodeficiência
humana (HIV) e dos doentes da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)
Transfusão de sangue. Responsabilidade
A recusa da aceitação da transfusão de sangue e o
Princípio da autonomia da vontade
7. Biodireito e questões da estética humana
Cirurgia plástica ou reparadora e cirurgia estética ou cosmetológica
E a questão da obrigação de meio e de resultado do médico
Adequação do sexo do intersexual e do transexual
Problemas jurídicos decorrentes da mudança de sexo
8. Transplante de órgãos e tecidos humanos
Direito ao uso de partes separadas do próprio corpo ou alheio
Importância dos transplantes de órgãos e tecidos
Legislação brasileira e transplantes
Aspectos polêmicos da Lei n. 9434/97, regulamentada pelo Decreto n. 2.268/97
e alterada pela Lei n. 10.211/2001
Direito à morte digna. Direitos do paciente
Eutanásia, Distanásia, Ortotanásia e Mistanásia
9. Experiência com seres humanos
tribunal de Nuremberg
Engenharia genética
Clonagem. Patentes de material genético
Relação médico-paciente
Consentimento livre e esclarecido. Escolas de sigilo profissional
Reprodução humana assistida
10. Macrobiodireito. Introdução
Crise ambiental e eco desenvolvimento
Constitucionalismo ecológico e direito ambiental
Biodiversidade e preservação de ecossistemas
Flora e fauna, uma visão do Biodireito
Estrutura dos sistemas de sobrevivência da espécie humana
Meio ambiente e preservação da biodiversidade dos ecossistemas.


Bibliografia básica
ALMEIDA, Aline Mignon de. Bioética e Biodireito. Rio de Janeiro, Lúmen Júris, 2000.
SÁ, Maria de Fátima Freire de. Biodireito. Belo Horizonte, Del Rey, 2002
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do Biodireito, 2ª ed., aum. e, ainda, atual. Cf. o novo Código Civil
() Lei n. 10.406/2002). São Paulo Saraiva, 2002.
DURAND, Guy. Introdução geral à Bioética. São Paulo, São Camilo/Loyola, 20003.
GARRAFA, Volnei & Costa, Sérgio Ibiapina F., organizadores. A Bioética no século XXI. Brasília, UnB,
2000.
Bibliografia complementar
HABERMAS, Jürgen. Técnica e Ciência como “Ideologia”. Lisboa, Almedina, 2001
SÁ, Elida Lúcia Batista. Biodireito: atualizado de acordo com a Lei dos Planos de Saúde. 2ª ed. ver. E
ampla. Rio de Janeiro, Lúmen Júris, 1999.
SANTOS, Maria Celeste Cordeiro Leite (Org.). Biodireito – Ciência da vida e novos desafios. São Paulo,
revista dos Tribunais, 2001.
SILVA, Reinaldo Pereira e. Introdução ao Biodireito: investigações político-jurídicas sobre o estatuto da
concepção humana. São Paulo, LTr, 2002.
VIEIRA, Tereza Rodrigues. Bioética e Direito. São Paulo, Jurídica Brasileira, 1999.

Indentidades Culturais na Pós-Modernidade.

HOMEM SOCIEDADE


QUESTÕES:
INDENTIDADES CULTURAIS NA PÓS-MODERNIDADE


1) Como Hall vê as identidades na pós-modernidade?

Segundo Stuart Hall, as "velhas identidades”, que por longo tempo estabilizaram o mundo social, está em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo. Segundo Stuart Hall, cada vez mais se emerge identidades culturais que não são fixas que estão em constante processo de transição. Hall conclui que, embora alimentada sob muitos aspectos, a globalização pode acabar sendo fonte daquele lento e desigual, mas continuado, descentramento do Ocidente.
2) Por que ele fala em crise de identidade?

Uma mudança estrutural está fragmentando as diversas identidades culturais – de classe, gênero, sexualidade, etnia, e nacionalidade – as quais se antes, eram sólidas localizações, onde o sujeito moderno se encaixava socialmente, hoje se encontram com fronteiras menos definidas, provocando no sujeito pós-moderno uma crise de identidade.

3) Como Hall define:

3.1. Sujeito do iluminismo.
O sujeito do iluminismo estava baseado num indivíduo totalmente centrado, dotado da razão, cujo centro consistia num núcleo interior, que aparecia quando o sujeito nascia e permanecia basicamente o mesmo ao longo de sua existência.
3.2. Sujeito Sociológico.
O sociológico, refletia a complexidade do mundo moderno e a consciência de que este núcleo interior do indivíduo não era autônomo, e sim formado na relação com outras pessoas: a identidade da pessoa é formada na interação entre o eu e a sociedade.
3.3. Sujeito Pós-moderno
Agora composto não de uma única, mas de várias identidades, muitas vezes contraditórias ou não resolvidas.

4) Qual a paralelo que Hall faz das sociedades tradicionais e da modernidade?

Na última forma de globalização, são ainda as imagens, os artefatos e as identidades da modernidade ocidental, produzidos pelas indústrias culturais das sociedades "ocidentais" (incluindo o Japão) que dominam as redes globais. A proliferação das escolhas de identidade é mais ampla no "centro" do sistema global que nas suas periferias. Os padrões de troca cultural desigual, familiar desde as primeiras fases da globalização, continuam a existir na modernidade tardia. Se quisermos provar as cozinhas exóticas de outras culturas em um único lugar, devemos ir comer em Manhattan, Paris ou Londres e não em Calcutá ou em Nova Deli.


5) O que se entende por jogo de identidade?

Um exemplo concreto desta teoria, que Stuart Hall expõe no livro, é o caso do presidente Bush que, em 1991, indicou um juiz negro de visões políticas conservadoras para a Suprema Corte dos EUA. Assim, o presidente, jogando o jogo das identidades, conquistava o apoio tanto da raça negra quanto dos conservadores.

6) Por que Hall afirma que é simplista mapear a idéia de que o homem moderno tinha tido uma identidade unificada e centrada e agora se tornou deslocada?

Para Hall, “quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global [...] mais as identidades se tornam desvinculadas – desalojadas – de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem flutuar livremente” (1998, p. 75) Homogeneização cultural é, então, o processo pelo qual as distinções culturais que outrora definiam as identidades torna-se fraco devido à globalização, e as tradições e identidades tornam-se traduzíveis globalmente. No entanto, Hall considerava simplista e limitado este posicionamento da homogeneização cultural solapando a identidade nacional, de forma unilateral. Assim, ele coloca a discussão em torno da relação entre global e local.



7) Qual foi a principal ruptura do homem moderno?

Uma ruptura na forma de apreender a linguagem é formulada pelos teóricos do multiculturalisnmo quando afirmam que a cultura nacional é um discurso. Ou seja, na concepção de linguagem não mais enquanto representação, mas sim como construção de sentidos.

8) quais os movimentos que contribuíram para o surgimento do homem moderno?

Alguns movimentos importantes contribuiram para a concepção do sujeito da modernidade: a Reforma e o Protestantismo, que liberaram a consciência das instituições religiosas; o Humanismo Renascentista, que colocou o homem no centro do universo, as revoluções científicas, que conferiram o homem as capacidades de investigação e domínio da natureza e o Iluminismo, centrado na imagem do Homem Racional, científico e livre dos dogmas e da intolerância.

9) Qual a versão de Descartes e Locke em relação ao seu tempo?

“Penso logo existo” Nenhum exemplo de enganos dos sentidos é fornecido na primeira Meditação. No Discurso e na sexta Meditação, porém, Descarte menciona uma série de exemplos bastante conhecidos e sempre invocados na literatura cética: uma torre quadrada parece redonda à distância, estátuas altas parecem pequenas à distância, estrelas distantes parecem muito menores do que são pessoas que tiverem membros amputados ainda sentem dor no lugar em que os membros não mais se encontram. Registre-se que os exemplos dados por Descartes envolvem geralmente o que veio a ser chamado, a partir de Locke qualidades secundárias, e não as qualidades primárias, que também Descartes acreditava existir apenas na mente.

10) No que podemos relacionar a emergência da nação – individualidade no sentido moderno?

Para aproximar a problemática da individualidade das questões culturais, é importante lembrar de reflexões fundamentais de Nestor Canclini. Esse intelectual, ao mostrar a multiplicidade de facetas que compõem as culturas, traz à tona a problemática da influência de uma cultura em outra(s). Dentro da paisagem pós-moderna (para usar a expressão de uma autora também muito importante nos estudos sobre a cultura na atualidade, Beatriz Sarlo), a discussão sobre a identidade passou a ser fundamental, já que no rompimento das fronteiras nacionais provocado pela mundialização, as inúmeras partículas constitutivas dos núcleos identitários mundiais foram remexidos em profundidade. A temática da pós-modernidade, assim, entra no circuito dessas reflexões. Perguntar pela identidade particular e/ou nacional, a partir desse momento, se não perdeu de todo a importância nos estudos contemporâneos, tomou novo direcionamento.

11) Porque surgiu uma concepção mais social do homem e quais foram as conseqüências?

A identidade do sujeito do Iluminismo estava baseada na concepção de pessoa humana, um indivíduo centrado, unificado e dotado de razão, de consciência e de ação. Esse centro emergia pela primeira vez no nascimento do sujeito e consistia num núcleo interior, desenvolvia-se ao longo da sua vida, mas permanecia essencialmente o mesmo durante a existência do individuo. Esse centro do eu era a identidade de uma pessoa, transformando essa concepção numa visão individualista do ser.

12) Qual a contribuição da sociologia para esse processo?

A sociologia forneceu uma crítica do individualismo racional do sujeito cartesiano. Localizou o individuo em processo de grupo e normas coletivas as quais, argumentava, subjaziam a qualquer contrato entre sujeitos individuais.

13) Hall analisa cinco “descentramentos” do homem: Discorra.

Existência das mulheres em diferentes culturas. Por meio das relações estabelecidas historicamente entre os movimentos feministas e por meio das investigações promovidas pelas organizações internacionais, os Estudos de Gênero logo se aproximaram da comparação internacional e intercultural.

A comparação permite, além do descentramento espacial, quatro tipos de descentramento: o descentramento de gênero, o descentramento social, o descentramento cultural e o descentramento temporal.
Quanto gênero, podemos dizer que o trabalho conjunto – de homens e mulheres - para analisar e debater o sistema social de gênero é muito necessário. É neste ponto que reside, a nosso ver, o valor fundamental da transformação dos Estudos da Mulher em Estudos de Gênero: a comparação com o Outro permitiria o desenvolvimento de teorias que dessem conta das relações entre os gêneros assim como de suas representações e condições de existência. Neste sentido, a comparação se torna uma ferramenta fundamental para entender a forma como o gênero social opera em nossas sociedades, e também para construir novas formas de convivência entre os gêneros (dentro e fora do mundo acadêmico), deixando de lado tanto as concepções androcêntricas como as ginecocêntricas, desmontando os processos de formação de guetos instaurados na academia pela institucionalização dos Estudos da Mulher (por efeito da discriminação encoberta e da auto-segregação), e defendendo a adoção de uma reflexão ética e política nas relações de gênero no processo de avanço científico. Voltaremos a este ponto.
Quanto ao descentramento social, é importante ressaltar que o pesquisador ou pesquisadora que realiza Estudos de Gênero deve procurar constantemente despojar-se daqueles pressupostos referentes à sua própria condição social, para evitar projetá-los no objeto/sujeito de estudo, particularmente quando se trata de sujeitos que não pertençam a sua mesma condição sócio-econômica. Um exemplo: as historiadoras e os historiadores da família tendem a projetar os modelos familiares com que foram socializados nas relações familiares, conjugais, de concubinato, etc. dos diferentes setores sociais do passado. Este tipo de descentramento permite perceber a pluralidade implícita em todo objeto de estudo, e sua complexidade interna.
Em relação ao descentramento cultural, a comparação entre culturas permite analisar com maior precisão os fenômenos estudados, e a controlar a auto-referência existencial de nossas categorias e conceitos. Exemplo disto são os diversos estudos antropológicos comparativos que demonstram o seguinte: embora o sexo resulte em critério básico universal de organização social (divisão sexual do trabalho), as tarefas designadas para cada sexo em diferentes culturas não são necessariamente as mesmas. Neste enfoque, portanto, há outra abertura para a percepção não preconceituosa da pluralidade e da complexidade de todo objeto de estudo.
Finalmente, o descentramento temporal se encontra intimamente vinculado à reflexão histórica. A comparação entre diversos períodos históricos permite observar as transformações por que passaram tanto a existência feminina e masculina como a definição social dos gêneros. Desta maneira, é possível recuperar um olhar crítico sobre as condições atuais das mulheres e dos homens, e sobre as definições correntes de feminilidade e de masculinidade. A título de exemplo, podemos dizer que muitos especialistas em Sociologia do Trabalho desconhecem ou ignoram as transformações genéricas das profissões, porque não se interessam por sua análise histórica. Esta a-historicidade leva, em muitos casos, à consideração das profissões como se elas fossem neutras e imutáveis do ponto de vista de gênero.

14) O que podemos entender por:

14.1 Identidade nacional;
Como esta situação tem se mostrado na Grã-Bretanha, em termos de identidade? O primeiro efeito tem sido o de contestar os contornos estabelecidos da identidade nacional e o de expor seu fechamento às pressões da diferença, da "alteridade" e da diversidade cultural. Isto está acontecendo, em diferentes graus, em todas as culturas nacionais ocidentais e, como conseqüência, fez com que toda a questão da identidade nacional e da "centralidade" cultural do Ocidente fosse abertamente discutida.
Num mundo de fronteiras dissolvidas e de continuidades rompidas, as velhas certezas e hierarquias da identidade britânica têm sido postas em questão. Num país que é agora um repositório de culturas africanas e asiáticas, o sentimento do que significa ser britânico nunca mais pode ter a mesma velha confiança e certeza. O que significa ser europeu, num continente colorido não apenas pelas culturas de suas antigas colônias, mas também pelas culturas americanas e agora pelas japonesas? A categoria da identidade não é ela própria, problemática? É possível, de algum modo, em tempos globais, ter-se um sentimento de identidade coerente e integral? A continuidade e a historicidade da identidade são questionadas pela imediatez e pela intensidade das confrontações globais. Os confrontos da Tradição são fundamentalmente desafiados pelo imperativo de se forjar uma nova auto-interpretação, baseada nas responsabilidades da Tradução cultural.
14.2 Identificação Nacional;
Como conclusão provisória, parece então que a globalização tem, sim, o efeito de contestar e deslocar as identidades centradas e "fechadas" de uma cultura nacional. Ela tem um efeito pluralizante sobre as identidades, produzindo uma variedade de possibilidades e novas posições de identificação, e tornando as identidades mais posicionais, mais políticas, mais plurais e diversas; menos fixas unificada ou trans-históricas. Entretanto, seu efeito geral permanece contraditório.
14.3 Cultura Nacional;
Alguns teóricos argumentam que o efeito geral desses processos globais tem sido o de enfraquecer ou solapar formas nacionais de identidade cultural. Eles argumentam que existem evidências de um afrouxamento de fortes identificações com a cultura nacional, e um reforçamento de outros laços e lealdades culturais, "acima” e "abaixo" do nível do estado-nação. As identidades nacionais permanecem fortes, especialmente com respeito a coisas como direitos legais e de cidadania, mas as identidades locais, regionais e comunitárias têm se tornado mais importante. Colocadas acima do nível da cultura nacional, as identificações "globais" começam a deslocar e, algumas vezes, a apagar, as identidades nacionais.
14.4 Estado Nação.
O crescimento dos estados-nação, das economias nacionais e das culturas nacionais continuam a dar um foco para a primeira; a expansão do mercado mundial e da modernidade como um sistema global davam o foco para a segunda. No capítulo 5, que examina como a globalização, em suas formas mais recentes, tem um efeito sobre as identidades, pensaremos esse efeito em termos de novos modos de articulação dos aspectos particulares e universais da identidade ou de novas formas de negociação da tensão entre os dois.

15) Porque segundo Anderson, as diferenças entre nações residem nas formas diferentes pelas quais elas são imaginadas?

O próprio entendimento de “nação” diria respeito ao que Benedict Anderson (1983) chama de comunidades imaginadas”, ou seja, as diferenças entre nações residem nas formas diferentes pelas quais elas são imaginadas e representadas.

16) Como é contada a narrativa da cultura brasileira?

Para falar sobre como é contada a narrativa da cultura nacional, Hall (2002) destaca cinco estratégias discursivas principais: em primeiro lugar, há Narrativa da nação, tal como é contada e recontada nas histórias e nas literaturas nacionais, na mídia e na cultura popular. Essas fornecem uma série de estórias, imagens, panoramas, cenários, eventos históricos, símbolos e rituais nacionais que simbolizam ou representam experiências partilhadas, as perdas, os triunfos e os desastres que dão sentido à nação. Como membros de tal “comunidade imaginada”, nos vemos, no olho de nossa mente, como compartilhando dessa narrativa.
O discurso da cultura nacional não é tão moderno quanto aparenta ser. Ele constrói identidades que são colocadas, de modo ambíguo, entre passado e futuro.
CULTURA BRASILEIRA: Fonte de significados culturais;
Foco de identificação;
Sistema de representação.

17) Ernest Renan afirma serem constitutivos três princípios espirituais da unidade de uma nação. Quais?

Uma nação é: “uma alma, um princípio espiritual”, “possessão em comum dum rico legado de lembranças”, “desejo de continuar a viver juntos”. Mas se a nação pertence ao campo imaterial da mentalidade, faz-se necessário que ela se exteriorize em símbolos para que ganhe mais concretude, para que desça da abstração para a realidade mais sensível.

18) Discorra “as nações modernas são estados híbridos culturais”?(67)

Avançando no debate, na terceira parte "As culturas nacionais como comunidades imaginadas" o autor questiona: o que está acontecendo à identidade cultural na modernidade tardia? Como as identidades culturais nacionais estão sendo afetadas ou deslocadas pelo processo de globalização? O autor destaca que as nações são como comunidades imaginadas, que são perpetuadas pela memória do passado, pelo desejo de viver em conjunto e pela perpetuação da herança. Na desconstrução da idéia de cultura nacional como identidade unificadora, o autor refere que as culturas nacionais, na verdade, "são atravessadas por profundas divisões e diferenças internas, sendo unificadas apenas através do exercício de diferentes formas de poder cultural" (p.62). Neste sentido, para o autor, as nações modernas são verdadeiros "estados híbridos culturais".
19) Porque Hall coloca que “ A raça é uma categoria discursiva e não uma categoria biológica”(68)

Cabe ressaltar que é sabidamente difícil definir quem é considerado negro. Em universidades, formam-se comissões que estabelecem, através da análise de fotografias de candidatos, aqueles que são negros e podem usufruir do sistema de cotas. Entendemos "raça" não como uma categoria biológica ou genética. Segundo Hall (2002) existem diferentes tipos e variedades, mas eles estão tão largamente dispersos no interior do que chamamos de "raças", como entre uma "raça" e outra. As raças são categorias discursivas. São organizadoras de formas de falar e de práticas sociais. No entanto, a forma de reconhecer o negro nos jornais impressos deu-se através de caracteres físicos. Em virtude da impossibilidade de atingir as mais diversas práticas sociais e discursivas dos sujeitos representados nos periódicos, optamos por tomar o corpo como mídia.

20) Qual a conclusão que Hall chega quando afirma que é um paradigma fundamental que deslocou as identidades?

O que, então, está tão poderosamente deslocando as identidades culturais nacionais, agora, no fim do século XX? A resposta é: um complexo de processos e forças de mudança, que, por conveniência, pode ser sintetizado sob o termo "globalização". Como argumenta Anthony McGrew (1992), a "globalização" se refere àqueles processos, atuantes numa escala global, que atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em realidade e em experiência, mais interconectado. A globalização implica um movimento de distanciamento da idéia sociológica clássica da "sociedade" como um sistema bem delimitado e sua substituição por uma perspectiva que se concentra na "forma como a vida social está ordenada ao longo do tempo e do espaço" (Giddens, 1990, p. 64). Essas novas características temporais e espaciais, que resultam na compressão de distâncias e de escalas temporais, estão entre os aspectos mais importantes da globalização a ter efeito sobre as identidades culturais.

21) Como McGrew define globalização?

De acordo com McGrew (1999), Globalização poder ser concebida como um processo (ou conjunto de processos) que inclui uma transformação na organização espacial de relações e transações sociais gerando fluxos e redes de atividade, interação e poder, não só inter-regionais como transcontinentais. Segundo este esta é caracterizada por quatro tipos de alterações: - envolve um alargamento das atividades econômicas, políticas e sociais através de fronteiras políticas, regiões e continentes; - sugerem a intensificação ou a magnitude crescente da interligação e fluxos de comércio, investimento, finanças, migração, cultura, etc.; - associa a crescente extensão e intensidade da interligação global a uma aceleração de processos e interações globais, na medida em que a evolução dos sistemas de transporte e comunicações mundiais aumenta a difusão de idéias, bens, informação, capital e pessoas; - a crescente extensão, intensidade e velocidade das interações globais podem ser associadas com o aprofundamento e intensificação do seu impacto, de tal forma que os efeitos de acontecimentos distantes podem ser, altamente, significativos noutros lugares e, mesmo, os desenvolvimentos mais localizados podem vir a ter enormes conseqüências globais. Neste sentido, as fronteiras entre os assuntos “domésticos” e os negócios globais podem tornar-se cada vez mais esbatidas. Resumindo, McGrew afirmam que a globalização pode ser pensada como o alargamento, a intensificação, a aceleração e o impacto crescente da interdependência mundial.

22) Qual a posição de Wallerstein em relação ao capitalismo?

O capitalismo foi desde o inicio um elemento da economia mundial e não dos estados-nação. O capitalismo nunca permitiu que suas aspirações fossem determinadas por fronteiras.

23) Qual o impacto da última fase da globalização sobre as identidades nacionais? E como Harvey analisa essa questão?

A globalização é abordada por Harvey como um projeto geopolítico empreendido pelos Estados Unidos com o apoio de alguns aliados como a Grã-Bretanha, sobretudo no período tatcherista. E que, desde 1945, os EUA vêm pensando localmente e agindo globalmente, sobretudo por meio das suas políticas externa, militar e comercial.
Ao longo do livro, Harvey vai construindo sua tese para defender a idéia de que a globalização, fabricada e edificada em prol dos interesses norte-americanos, ao mesmo tempo em que produz desenvolvimentos geográficos desiguais e disparidades sócio-econômicas e políticas, também constrói sua própria fragilização, através dos seus aspectos negativos e desmobilizadores.
Baseado nas contradições e paradoxos da própria globalização, Harvey afirma que estes oferecem oportunidades para que uma política progressista alternativa possa emergir, criando um conjunto sem precedentes de condições para uma mudança radical.

24) Qual o efeito da globalização sobre as identidades?

As identidades nacionais estão se desintegrando, como resultado do crescimento da homogeneização cultural do e do "pós-moderno global".
As identidades nacionais e outras identidades e outras identidades "locais" ou particulares estão sendo reforçadas pela resistência à globalização.
As identidades nacionais estão em declínio, mas novas identidades __ híbridas __ estão tomando seu lugar.

25) O que se entende por pós-moderna global?

A nova cultura pós-moderna global, ainda que americana, é expressão interna e superestrutural de uma nova era de dominação, militar e econômica, dos Estados Unidos sobre o resto do mundo: nesse sentido, como durante toda a história de classes, o avesso da cultura é sangue, tortura, morte e terror. (JAMESON, 2004, p.31)

26) As identidades nacionais estão ainda amenizadas? Discuta as visões abordadas.

Que impacto tem a última fase da globalização sobre as identidades nacionais? Uma de suas características principais é a "compressão espaço-tempo", a aceleração dos processos globais, de forma que se sente que o mundo é menor e as distâncias mais curtas, que os eventos em um determinado lugar têm um impacto imediato sobre pessoas e lugares situados a uma grande distância. David Harvey argumenta que.

27) A globalização é um fenômeno Oriental e Ocidental? Reflita o argumento.

Embora tenha se projetado a si próprio como trans-histórico e transnacionail, como a força transcendente e universalizadora da modernização e da modernidade, o capitalismo global é, na verdade, um processo de ocidentalização - a exportação das mercadorias, dos valores, das prioridades, das formas de vida ocidentais. Em um processo de desencontro cultural desigual, as populações "estrangeiras" têm sido compelidas a ser os sujeitos e os subalternos do império ocidental, ao mesmo tempo em que, de forma não menos importante, o Ocidente, vê-se face a face com a cultura "alienígena" e "exótica" de seu "Outro". A globalização, à medida que dissolve as barreiras da distância, torna o encontro entre o centro colonial e a periferia colonizada imediato e intenso (Robins, 1991, p. 25).
28) Reflita sobre as imigrações e os conflitos da atualidade.

A importância do discurso midiático na configuração da imagem pública do imigrante torna-se clara nessa digressão, bem como a manipulação da opinião pública pelo discurso político. Ao desvelar ante os olhos do leitor a postura xenofóbica adotada pelo Ocidente, o autor promove uma reflexão sobre o que ele mesmo denomina Englishness, em seu livro de ensaios Imaginary Homelands. Segundo Rushdie, na tentativa de se construir o traço da “inglesidade’, constitutivo da identidade cultural britânica, o binarismo eu/outro opera como um divisor de águas social, de tal modo que os imigrantes asiáticos são todos reunidos sob o rótulo de “indianos”, que passa a ser associado à alteridade.Assim, a diversidade cultural dos imigrantes, bem como a sua participação no tecido social de um país que contém um número expressivo de imigrantes de diversas nacionalidades, é ignorada.
A manutenção do olhar eurocêntrico indica que a concepção do pós-colonialismo está mais fundamentada em um fato histórico, a independência política, que em questões de identidade cultural.

29) Discorra sobre a reação defensiva das identidades globais.

A possibilidade de que a globalização possa levar a um fortalecimento de identidades locais ou à produção de novas identidades.
O fortalecimento de identidades locais pode ser visto na forte reação defensiva daqueles membros dos grupos étnicos dominantes que se sentem ameaçados pela presença de outras culturas. No Reino Unido, por exemplo, a atitude defensiva produziu uma "inglesidade" (Englishness) reformada, um "inglesismo" mesquinho e agressivo e um recuo ao absolutismo étnico, numa tentativa de escorar a nação e reconstruir "uma identidade que seja una, unificada, e que filtre as ameaças da experiência social" (Sennett, 1971, p. 15). Isso freqüentemente está baseado no que antes chamei de "racismo cultural" e é evidente, atualmente, em partidos políticos legais, tanto de direita quanto de esquerda, e em movimentos políticos mais extremistas em toda a Europa Ocidental.
Algumas vezes isso encontra uma correspondência num recuo, entre as próprias comunidades comunitárias, a identidades mais defensivas, em resposta à experiência de racismo cultural e de exclusão. Tais estratégias incluem a re-identificação com as culturas de origem (no Caribe, na Índia, em Bangladesh, no Paquistão); a construção de fortes contra-etnias __ como na identificação simbólica da segunda geração da juventude afro-caribenha, através dos temas e motivos do rastafarianismo, com sua origem e herança africana; ou o revival do tradicionalismo cultural, da ortodoxia religiosa e do separatismo político, por exemplo, entre alguns setores da comunidade islâmica.

30) Defina tradição e tradução.

Naquilo que diz respeito às identidades, essa oscilação entre Tradição e Tradução (que foi rapidamente descrita antes, em relação à Grã-Bretanha) está se tornando mais evidente num quadro global. Em toda parte, estão emergindo identidades culturais que não são fixas, mas que estão suspensas, em transição, entre diferentes posições; que retiram seus recursos, ao mesmo tempo, de diferentes tradições culturais; e que são o produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que são cada vez mais comuns num mundo globalizado. Pode ser tentador pensar na identidade, na era da globalização, como estando destinada a acabar num lugar ou noutro: ou retornando a suas "raízes" ou desaparecendo através da assimilação e da homogeneização. Mas esse pode ser um falso dilema.
Pois há uma outra possibilidade: a da Tradução. Este conceito descreve aquelas formações de identidade que atravessam e intersectam as fronteiras naturais, compostas por pessoas que forma dispersadas para sempre de sua terra natal. Essas pessoas retêm fortes vínculos com seus lugares de origem e suas tradições, mas sem a ilusão de um retorno ao passado.Elas são obrigadas a negociar com as novas culturas em que vivem, sem simplesmente serem assimiladas por elas e sem perder completamente suas identidades. Elas carregam os traços das culturas, das tradições, das linguagens e das histórias particulares pelas quais foram marcadas. A diferença é que elas não são e nunca serão unificadas no velho sentido, porque elas são, irrevogavelmente, o produto de várias histórias e culturas interconectadas, pertencem a uma e, ao mesmo tempo, a várias "casas" (e não a uma "casa" particular). As pessoas pertencentes a essas culturas híbridas têm sido obrigadas a renunciar ao sonho ou à ambição de redescobrir qualquer tipo de pureza cultural "perdida" ou de absolutismo étnico. Elas estão irrevogavelmente traduzidas. A palavra "tradução", observa Salman Rushdie, "vem, etimologicamente, do latim, significando "transferir"; "transportar entre fronteiras". Escritores migrantes, como ele, que pertencem a dois mundos ao mesmo tempo, "tendo sido transportados através do mundo..., são homens traduzidos" (Rushdie, 1991). Eles são o produto das novas diásporas criadas pelas migrações pós-coloniais. Eles devem aprender a habitar, no mínimo, duas identidades, a falar duas linguagens culturais, a traduzir e a negociar entre elas. As culturas híbridas constituem um dos diversos tipos de identidade distintivamente novos produzidos na era da modernidade tardia. Há muitos outros exemplos a serem descobertos.

31) O que o autor chama de reconstrução de identidades purificadas?

Algumas identidades gravitam ao redor daquilo que Robins chama de "Tradição", tentando recuperar sua pureza anterior e recobrir as unidades e certezas que são sentidas como tendo sido perdidas. Outras aceitam que as identidades estão sujeitas ao plano da história, da política, da representação e da diferença e, assim, é improvável que elas sejam outra vez unitárias ou "puras"; e essas, conseqüentemente, gravitam ao redor daquilo que Robins (seguindo Homi Bhabha) chama de "Tradição".

32) Discorra sobre o fundamentalismo.

O próprio ritmo e a irregularidade da mudança cultural global produzem com freqüência suas próprias resistências, que podem, certamente, ser positivas, mas, muitas vezes, são reações defensivas negativas, contrárias à cultura global e representam fortes tendências a “fechamento” (ver Woodward, 1997). Por exemplo, o crescimento do fundamentalismo cristão nos EUA, do fundamentalismo islâmico em regiões do Oriente Médio, do fundamentalismo hindu na Índia, o ressurgimento dos nacionalismos étnicos na Europa Central e Oriental, a atitude anti-imigrante e a postura euro-cética de muitas sociedades do ocidente europeu, e o nacionalismo cultural na forma de reafirmações da herança e da tradição (ver capítulo 1 desta obra), embora tão diferentes entre si, podem ser considerados como reações culturais conservadoras, fazendo parte do retrocesso causado pela disseminação da diversidade efetuada pelas forças da globalização cultural.
Todos estes fatores, então, qualificam e complexificam qualquer resposta simplista, puramente celebratória em relação à globalização como forma dominante de mudança cultural num futuro previsível (ver, por exemplo, as críticas de Hirst e Thompson, 1996 e de Goldblatt et al., 1997). Estes fatores não podem, no entanto, negar por completo a escala de transformações nas relações globais constituída pela revolução cultural e da informação. Queiramos ou não, aprovemos ou não, as novas forças e relações postas em movimento por este processo estão tornando menos nítidos muitos dos padrões e das tradições do passado. Por bem ou por mal, a cultura é agora um dos elementos mais dinâmicos — e mais imprevisíveis — da mudança histórica no novo milênio. Não deve nos surpreender, então, que as lutas pelo poder sejam, crescentemente, simbólicas e discursivas, ao invés de tomar, simplesmente, uma forma física e compulsiva, e que as próprias políticas assumam progressivamente a feição de uma “política cultural” (ver, por exemplo, Jordan e Weedon, 1995).

33) Finalmente, qual a conclusão que Hall chega em relação à globalização?

Como conclusão provisória, parece então que a globalização tem, sim, o efeito de contestar e deslocar as identidades centradas e "fechadas" de uma cultura nacional. Ela tem um efeito pluralizante sobre as identidades, produzindo uma variedade de possibilidades e novas posições de identificação, e tornando as identidades mais posicionais, mais políticas, mais plurais e diversas; menos fixas, unificadas ou trans-históricas. Entretanto, seu efeito geral permanece contraditório.
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Choque de Civilizações.



Freud – grandes revoluções científicas derrubaram a arrogância humana – copernicana – darwiniana – inconsciente





Primeira teoria da evolução – Lamarck animais mudavam sob pressão ambiental, transferindo as mudanças para prole – início séc. xix – influenciou Darwin mas questionou a transmissão hereditária dos esforços individuais baseou em variação casual e seleção natural

Descobertas recentes – microbiologia, bioquímica e biologia molecular – teoria sistêmica ou teoria dos sistemas vivos – diversidade e complexidade – de acordo com a hipótese gaia a evolução não pode ficar limitada à adaptação de organismos ao seu meio ambiente, o próprio meio ambiente é um ser vivo – o quem se adapta a que? não é a competição (Darwin) e sim a cooperação e a dependência mútua entre todas as formas de vida – formação de redes –criatividade da natureza é ilimitada,

O homem ancestral mais primitivo descoberto até agora pertence ao gênero Australopithecus, que viveu três milhões de anos atrás. Os restos de Australopithecines foram descobertos principalmente no Vale Rift na África. Membros primitivos de nosso gênero, Homo erectus, e seu parente próximo, Homo ergaster, surgiram na mesma região 2.5 milhões de anos atrás. Esses “arcaicos” hominídeos migraram para fora da África aproximadamente a 1.5 milhões de anos para fundar populações na Europa, no Oriente Médio e na Ásia.
Fósseis do homem moderno, datando de 40.000 a 100.000 anos atrás, foram descobertos por toda parte no “Velho Mundo” – África, Europa e Ásia – e Austrália. Dizemos que é membro de nossa espécie, Homo sapiens, aqueles que compartilham conosco importantes características anatômicas (tamanho e formato do crânio) e de comportamento (o uso de lâminas, ferramentas de osso, pigmentos, enterro, arte, comércio, caça, e recursos ambientais variados). Esses humanos subseqüentemente se dispersaram para Micronésia, Polinésia, e o “Novo Mundo” (Américas do Norte e do Sul).
Como e onde o homem moderno surgiu é uma questão de debate entre duas teorias opostas. Defensores de uma teoria multiregional afirmam que as populações de homens modernos se desenvolveram independentemente a partir das populações de Homo erectus ou Homo ergaster na África, na Europa e na Ásia. Grupos modernos primitivos evoluíram com a troca entre si de membros e deram origem populações modernas. Partidários de outra teoria, comumente chamada de “fora da África”, afirmam que as populações de homens modernos derivaram de um simples grupo que deixou a África perto de 80.000 anos atrás. Esse grupo migrou através do Velho Mundo, desalojando quaisquer hominídeos arcaicos sobreviventes. De qualquer forma, todos os cientistas hoje concordam que os parentes do hominídeo surgiram na África, mas discordam em quando os ancestrais diretos do homem deixaram a África para popular o globo.
Primeira metade do século xx acreditava-se que o humano surgiu a partir momento que o primata que nos deu origem começou a simbolizar foi início da paleontologia humana – ciência que busca registros fosseis de nossos ancestrais para reconstruir a nossa história no planeta – surgiu na Europa - visão euro centrista – homem surgiu na Europa – procura do elo perdido
Em 1974, a descoberta do fóssil de Lucy, que andava em pé há mais de 3 bilhões de anos, Australophitecus afarensis, nome científico de Lucy. Nosso ancestral Australopithecus afarensis, que viveu na África há mais de 3,4 milhões de anos, o cérebro dela não era muito maior do que uma tangerina. Comparado ao da nossa espécie, que tem 3 vezes esse tamanho, o achado confirmou a importância do crescimento do cérebro para o surgimento do pensamento abstrato, traço que fez do Homo sapiens um animal completamente diferente das outras espécies.

Nesse momento, alguma mudança sutil (talvez em nosso cérebro) teria feito com que a linguagem humana atingisse o nível de sofisticação que distanciou o Homo sapiens dos outros animais. “Uma vez desenvolvido o pensamento simbólico, nós passamos a viver não apenas no mundo natural, mas também no mundo reconstruído por nossa própria mente”.

Pesquisadores concluíram que diversos hominídeos devem ter se esbarrado na África por volta de 2 milhões de anos atrás. A descoberta aposentou de vez a imagem da evolução como uma fila em que cada espécie substituía outra

Mais recentemente, o próprio Homo sapiens dividiu terreno com os neandertais, que, por algum mistério, desapareceram do planeta há cerca de 30 000 anos. Basicamente, há duas teorias para explicar esse desaparecimento: a primeira é a de que eles foram dizimados após centenas de anos de confronto com a nossa espécie. A segunda é a de que as duas espécies possam ter se reproduzido e, após milhares de anos, os traços do Homo sapiens prevaleceram sobre os do neandertais.

O hominídeo que tem sido considerado ancestral tanto do Homo sapiens como do neanderthalensis é o Homo heidelbergensis. De acordo com os pesquisadores, a transição dele para a nossa espécie pode ter ocorrido na África entre 300 000 e 200 000 anos atrás. O que aconteceu desde então permanece um mistério. Pelo menos até a descoberta de um novo fóssil

A teoria de que nós todos viemos de seres humanos que deixaram a África há cerca de 100 mil anos está sendo novamente questionada, desta vez por pesquisadores americanos que tiveram acesso ao material do projeto do genoma humano.

A maior parte dos cientistas concordam que os primeiros hominídeos saíram da África pela primeira vez há cerca de 1,8 milhão de anos e passaram a conquistar outras terras, mas há controvérsia em relação ao que ocorre depois disso.

A teoria tradicional acredita que houve um segundo êxodo de africanos – os homens modernos –, que substituíram todas as outras populações locais, incluindo o homem de Neandertal, na Europa.
Mas para os defensores da nova teoria – chamada de multiregional –, nem todas as populações de hominídeos foram completamente extintas. Algumas delas teriam se misturado com os africanos, contribuindo para a formação do atual genoma humano.
Cruzamento

A nova pesquisa foi publicada pela revista Proceedings of the National Academy Sciences (PNAS).

A equipe de pesquisa, liderada pelo professor de antropologia da Universidade de Utah, estudou pequenas diferenças no DNA humano.

Ao investigar quando essas mutações apareciam, os cientistas conseguiram abrir uma janela para o passado humano, chegando até a ascensão e queda dos primeiros seres humanos em diversas partes do mundo.

O estudo sugere que houve um cruzamento há cerca de 40 mil anos entre a população africana e populações locais, como a européia.

Pesquisas genéticas anteriores haviam confirmado a teoria de que uma população africana que se expandia rapidamente se espalhou globalmente e substituiu as outras populações.

O professor Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, lembra que os próprios pesquisadores reconhecem que "o cruzamento pode ter sido limitado, e a questão – se chegou mesmo a acontecer – ainda está aberta".

BBC Londres 2002

PALEONTOLOGIA

    
Adão era africano

Fósseis descobertos na Etiópia antecipam o surgimento do homem moderno em 40 000 anos
O exame de características do DNA humano em laboratório levou os cientistas a identificar o ancestral comum de todos os seres humanos atuais. O chamado "Adão genético" seria um homem que viveu na África 200.000 anos atrás e cujas características genéticas se perpetuam até hoje em nosso corpo. A pesquisa, realizada na década passada, tinha um problema: não havia evidências físicas da existência desse ancestral. Com base nos fósseis disponíveis, estimava-se que o homem moderno tivesse surgido 120.000 anos atrás. Na semana passada, a teoria de Adão se tornou realidade com a exibição de seu crânio. Na verdade, são três crânios fossilizados – dois de adulto e um de criança. Trata-se dos mais antigos e mais bem preservados fósseis humanos já descobertos. Foram encontrados em escavações na Etiópia, de onde já emergiram os restos de outros hominídeos. O sensacional é que esses são anatomicamente como nós e foram datados de 160.000 anos atrás.
Os dois homens e o garoto passariam despercebidos se andassem pelas ruas de qualquer cidade brasileira. O crânio deles era um pouco maior, o cérebro ligeiramente mais volumoso e o rosto mais comprido que os do homem moderno. Os cientistas acreditam que tenham sido também mais altos e corpulentos. "Pegue o homem mais forte de qualquer população robusta atual, adicione alguns hormônios e teremos o idaltu. Ele era realmente forte e grande", disse o paleontólogo americano Tim White, da Universidade da Califórnia e responsável pela descoberta, em entrevista ao jornal inglês Daily Telegraph. As características arcaicas fizeram com que os exemplares fossem catalogados como sendo de uma subespécie do Homo sapiens sapiens (homem moderno). Receberam o nome de Homo sapiens idaltu (o mais velho, na língua da região em que foram descobertos). Até agora não se tinha descoberto fósseis intermediários entre os pré-humanos e o homem moderno. Os crânios lançam luz sobre um dos mais intrigantes enigmas da evolução: as circunstâncias e o momento em que surgiu nossa espécie. Sobre esse período nebuloso, que se estende entre 100.000 e 300.000 anos atrás, sobram teorias e faltam provas. A contribuição mais importante do Homo sapiens idaltu é reforçar a concepção de que o homem surgiu na África e de lá partiu para a conquista de outros continentes. A hipótese oposta, e menos aceita, é que a espécie humana se desenvolveu simultaneamente em vários continentes. Pela primeira vez podemos ver ancestrais diretos do homem – e eles são africanos.
A descoberta foi feita por uma equipe de 45 cientistas de catorze países liderada por Tim White, um dos mais experientes e bem-sucedidos caçadores de fósseis em atividade. Os crânios foram encontrados em 1997, num lugarejo chamado Herto, na região de Afar, que é um paraíso para os paleantropólogos (especialistas em espécies ancestrais humanas). A região é uma das mais quentes do planeta, a ponto de só ser habitada em parte do ano. Mas a paisagem era mais acolhedora há 160.000 anos, com florestas e um grande lago repleto de hipopótamos e crocodilos. Faltam aos exemplares encontrados os maxilares inferiores, que não foram localizados, e o crânio do menino estava estilhaçado em mais de 200 pedaços e foi cuidadosamente remontado pelos pesquisadores. Recolheram ainda ossos de sete pessoas, mais de 600 artefatos de pedra e ossos de hipopótamos e antílopes. Um sinal de que nossos antepassados sabiam esquartejar animais de grande porte. Foram necessários mais de três anos de testes somente para a datação e mais dois para a análise do material.

Revista Veja 18 de junho de 2003.( O Evolucionismo é apenas uma teoria)
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Antropos e Psique....